Franquias crescem 7,8% no terceiro trimestre; hotelaria e turismo se destacam

Diante dos resultados, ABF revisou para cima as projeções para o fechamento para o setor em 2021

franquias

O mercado de franquias manteve no 3º trimestre de 2021 a trajetória de recuperação registrada nos trimestres anteriores, agora de forma mais estável e até superando levemente o desempenho do mesmo período de 2019. É o que mostra a Pesquisa Trimestral de Desempenho do Setor realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Segundo o estudo, feito em parceria com a empresa de pesquisas AGP, o faturamento no 3º trimestre de 2019 foi de R$ 47,203 bilhões, passou a R$ 43,954 bilhões no ano passado e chegou a R$ 47,385 bilhões de julho a setembro deste ano. A variação foi de -6,9% de 2019 para 2020 e de +7,8% para 2021. Do 3º trimestre de 2019 para o 3º de 2021, houve um crescimento de 0,4%.

As pesquisas da ABF e sondagens com redes de todo o País apontam que o movimento está ligado à gradual retomada da atividade econômica e da vida social, com o consumidor voltando a hábitos como frequentar estabelecimentos de alimentação fora do lar e realizar viagens de turismo.

Os shoppings vêm registrando recuperação na movimentação de pessoas, assim como os aeroportos. De outro lado, os canais digitais se mantêm aquecidos, principalmente no delivery, e existe uma convivência entre atividades e serviços online e presenciais, conforme o contexto de cada rede, cidade e mercado.

‘Curva de recuperação’

No acumulado dos últimos 12 meses, a pesquisa mostra que o setor de franquias apresentou uma variação positiva de 8,4% em sua receita, com um avanço de R$ 168,177 bilhões para R$ 182,381 bilhões – perto dos R$ 182,657 bilhões registrados em 2019.

“No 2º trimestre tivemos uma recuperação mais forte, pois a comparação foi com o pico da pandemia em 2020. Agora, comparamos dois trimestres com perspectivas melhores e mesmo assim houve um crescimento, tanto que conseguimos superar levemente o desempenho de 2019, o que consideramos bastante positivo. Logo, fica clara nossa curva de recuperação e entendemos que ela, inclusive, tende a acelerar mais um pouco no final do ano – período com muitas datas importantes para o varejo. A digitalização e os ajustes realizados pelas redes durante a pandemia mantêm um papel muito importante, mas vemos também movimentos mais intensos na área de expansão de unidades e contratação de mão de obra, mostrando que o setor segue rumo a um cenário de maior movimentação”, afirma André Friedheim, presidente da ABF.

De acordo com a pesquisa, o setor totalizou 1.388.560 trabalhadores diretos nos meses de julho, agosto e setembro, ante 1.254.234 no mesmo período de 2020, um crescimento de 10,7%. Se compararmos o 3º trimestre de 2021 com o 3º tri de 2019, o crescimento foi de 3,4%. Neste estudo a ABF ratificou também uma percepção antiga: cerca de 17% dos empregos diretos no franchising são ocupados por pessoas em sua primeira experiência profissional.

“O setor gerou mais de 120 mil postos de trabalho diretos, mostrando a importância das franquias nesta área, principalmente para jovens. Com acesso mais fácil a crédito, menos menos burocracia e um sistema tributário mais equilibrado, estou seguro de que o setor poderia gerar ainda mais vagas, tendo um peso ainda maior na retomada da economia”, disse o presidente da ABF.

Abertura e fechamento

Quanto ao movimento de abertura e fechamento de unidades, a pesquisa da ABF também traz dados positivos. O levantamento apontou que foram abertas 3,5% unidades nesse 3º trimestre frente a 1,2% no mesmo período de 2020; fechadas 1,2%, resultando num saldo de +2,3%. O repasse de unidades passou de 0,4% para 0,7% no período.

“Também de forma gradual, as redes vêm retomando suas estratégias de expansão. De outro lado, investidores e profissionais vêm buscando opções de investimento e ocupação. Com o avanço da vacinação e o fim das restrições, essas parcerias tendem a crescer ainda mais. Tanto que teremos a primeira grande feira de franquias presencial com a retomada, a Expo Franchising ABF Rio. Com isso, esperamos incentivar ainda mais este movimento”, disse André Friedheim.

Desempenho dos segmentos

O segmento de franquias com maior variação no 3º trimestre foi o de Turismo e Hotelaria, com uma recuperação de 53,1%. A retomada das viagens é o principal impulsionador – existe uma grande demanda reprimida e mudanças consideráveis de sazonalidade -, mas é importante ressaltar que a comparação se deu com uma base bastante deprimida em 2020.

Em seguida, vêm Casa e Construção e Saúde, Beleza e Bem-Estar com crescimentos de 10,8% e 9,1% respectivamente, sendo que, nos últimos 12 meses (outubro de 2020 a setembro de 2021), Casa e Construção acumula uma variação positiva de 26,2%. Esses segmentos vêm apresentando um desempenho mais robusto, registrando crescimento mesmo ao longo de 2020. Os impulsionadores de cada um se mantêm: a ressignificação do lar – que continua a receber mais investimentos -, associada ao aquecimento da construção civil de forma geral; e à atenção ao cuidado pessoal.

Merecem destaque, ainda, Alimentação/Foodservice (+7,9%) e Moda (+7,25). Ambos os segmentos se beneficiam do aumento do movimento nos shoppings e da retomada do convívio social. No caso de Alimentação, cabe ressaltar ainda o papel ainda muito significativo do delivery.

Fechamento do ano

Dado o desempenho mais forte nos últimos trimestres, a ABF decidiu revisar suas projeções para o fechamento para o setor de franquias em 2021. Agora, a entidade projeta um crescimento de 9% no faturamento geral do setor em 2021 (em janeiro/2021 era de 8%) e um crescimento de 4% no número de redes (em janeiro/2021 era de 2%). Para o número de unidades e empregos foi mantida a projeção de 5%.

“Quando analisamos a curva de recuperação, faz sentido o ajuste de nossas perspectivas. Esperamos um desempenho ainda melhor no quarto trimestre, não apenas pela Black Friday, Natal e outros, mas também pela demanda reprimida e, principalmente, pela quase liberação das restrições relativas à Covid-19 associada a um estágio avançado da vacinação, incluindo, em alguns casos, até a terceira dose”, ressalta André Friedheim.

Imagem: Bigstock

Sair da versão mobile