Encerrando a visita feita ao Brasil nesta semana, Karin Rådström, chefe mundial do negócio de caminhões da marca Mercedes-Benz, disse que a reestruturação em curso na operação do País está evoluindo com resultados satisfatórios. Ela deixou claro, no entanto, que o trabalho ainda não foi concluído.
Apresentado em maio, o plano estratégico da Daimler, a controladora da Mercedes, para zerar perdas no Brasil tem entre seus objetivos reduzir a dependência das peças importadas e aumentar as exportações, de modo que a empresa fique menos exposta ao câmbio mais caro, junto com corte de custos – por exemplo, a redução de 10% na folha salarial de departamentos administrativos.
Nesta quinta, durante entrevista a jornalistas por uma plataforma de transmissão online, Karin avaliou que, contando com a retomada da produção após o choque inicial da pandemia, as fábricas no Brasil estão conseguindo melhorar o equilíbrio entre importações e exportações, suavizando assim a exposição ao câmbio.
“Tivemos muito progresso e claramente houve uma melhora da situação. Mas ainda temos que dar mais passos e continuar trabalhando duro”, afirmou a executiva. “Estou muito otimista, mas ainda temos muitos desafios e ainda não terminamos a reestruturação”, acrescentou.
A meta da Daimler Truck é ser, até 2025, um grupo automotivo onde a margem de rentabilidade é medida na casa dos dois dígitos. A recuperação dos resultados financeiros em negócios tanto do Brasil quanto da Europa está no centro desse objetivo.
Previsão otimista
Para a direção da montadora no Brasil, o mercado de caminhões seguirá em alta neste ano, ainda que o aumento da taxa de juros possa adiar decisões de ampliação de frota das transportadoras.
Se as previsões da Mercedes-Benz se confirmarem, as vendas de caminhões no Brasil, na soma de todas as marcas, alcançarão algo por volta de 140 mil unidades, com alta de 10% sobre 2021.
A confiança se baseia nas encomendas aquecidas do agronegócio, dada a necessidade de transportar a safra recorde de grãos, além da demanda vinda do comércio eletrônico, da construção civil e da mineração. As duas fábricas da montadora no País, localizadas em São Bernardo do Campo (SP) e Juiz de Fora (MG), estão funcionando em três turnos de produção.
Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing do negócio de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz no Brasil, ponderou, no entanto, que esse crescimento vai depender da disponibilidade de peças nas linhas de montagem. “Precisamos que a logística global funcione e nos ajude”, comentou o executivo, antecipando mais um ano de crise no abastecimento de componentes eletrônicos, gargalo responsável por paradas de montadoras em todo o mundo.
Neste ano, a Mercedes-Benz conclui o programa de investimentos de R$ 2,4 bilhões iniciado em 2018, e o novo presidente da montadora no Brasil, Achim Puchert, disse que a empresa vai aguardar os resultados dos investimentos já realizados antes de partir a um novo ciclo.
Diante do plano da Daimler de reduzir em 15% os investimentos globais, em relação ao padrão de antes da pandemia, mirando uma alocação de capital inteligente, com foco maior em mercados e segmentos mais rentáveis, ele adiantou que a definição de novos investimentos estará condicionada à competitividade e sustentabilidade da operação brasileira frente a outros mercados.
“Se vamos investir, os investimentos precisam ser competitivos se comparados a outras possibilidades”, disse o chefe da Mercedes no Brasil, que, conforme pontuou na entrevista, assumiu o comando da montadora com a missão de equilibrar ganhos de participação de mercado com sustentabilidade financeira do negócio.
Com informações de Estadão Conteúdo (Eduardo Laguna)
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