Citi quase dobra tamanho no Brasil em três anos e deve ampliar investimentos no País

O crescimento dos últimos anos consolidou o Brasil como um dos principais mercados do Citi

Citi quase dobra tamanho no Brasil em três anos e deve ampliar investimentos no País

O Citi cumpriu as metas do plano de investimentos na franquia brasileira desenhado para o período entre 2022 e 2024, e deve ampliar a aposta no próximo ciclo. O investimento em tecnologia deve ser o pilar, junto com a expansão de negócios em diferentes áreas. Foi esse conjunto que fez com que o volume de ativos do banco saísse de R$ 134 bilhões em 2021 para R$ 226 bilhões no ano passado, crescimento de 69% no período. Operando apenas com clientes de atacado, o Citi é o maior banco americano no Brasil e o segundo maior estrangeiro, atrás apenas do Santander, que também está no varejo.

“Estamos finalizando o nosso novo plano de investimento para os próximos três anos. Direcionalmente, é de investimento e mais crescimento”, afirmou o presidente do Citi no Brasil, Marcelo Marangon. Nos últimos três anos, o banco investiu mais de US$ 50 milhões em tecnologia, além do orçamento tradicional.

Segundo o executivo, esse valor deve ser igual ou maior nos próximos três anos. Os investimentos em linhas de negócios ainda estão em discussão. O novo plano deve ser anunciado ainda no primeiro semestre.

O crescimento dos últimos anos consolidou o Brasil como um dos principais mercados do Citi. Atualmente, o País fica atrás apenas de Estados Unidos e Reino Unido, e em patamar similar aos de China e Índia. “O Brasil é a terceira maior franquia fora dos hubs, que agora nós chamamos só de países”, disse Marangon.

No ano passado, o Citi teve lucro de R$ 2,3 bilhões no Brasil, queda de 5,3% em relação a 2023 diante de um crescimento do provisionamento, que chegou a 1,9% da carteira, de 0,9% um ano antes. O presidente do banco afirma que essa variação se deveu a uma maior cautela e ao agravamento de risco de clientes do segmento agro.

Outros indicadores cresceram. A margem financeira atingiu R$ 6,8 bilhões, alta de 38,7% em um ano. A carteira de crédito atingiu R$ 56 bilhões pelo conceito expandido, alta de 7,7% no mesmo período. Desde 2021, esses indicadores cresceram 114% e 30%, respectivamente. A inadimplência acima de 90 dias foi de 0,6%, contra 0,02% em 2023.

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) passou de 18,7% para 17,8% entre 2023 e 2024, e o índice de Basileia, de 14,9% para 13,6%. Os dados refletem os investimentos, relativos ao processo de reestruturação global do Citi, e a distribuição de dividendos de R$ 2,1 bilhões.

O banco mantém o apetite de risco focado nos clientes conhecidos. “A intenção é continuar crescendo a carteira de crédito, porque estamos tranquilos e satisfeitos com a qualidade”, disse Marangon. “Ela vai crescer com os mesmos clientes. Esperamos crescer um dígito baixo, até por ter uma carteira limitada.”

Focado no segmento de atacado desde que vendeu a operação de varejo no País para o Itaú, em 2017, o Citi atende a grandes empresas brasileiras e internacionais. “Nós não estamos mudando o apetite de crédito, mas seguimos um mercado alvo bastante selecionado”, afirmou o presidente do banco. O que muda em função do cenário é o apetite para buscar novos clientes.

Dívida e aquisições

No banco de investimento, o ano deve repetir a tendência de 2024, com força na renda fixa e poucas operações na renda variável. A novidade deve ser nas fusões e aquisições (M&As, na sigla em inglês) que, segundo Marangon, devem voltar com maior intensidade. O Citi deve reforçar equipes voltadas a esse tipo de negócio.

“O Brasil, em bases relativas, voltou a se tornar atrativo por estar bastante depreciado. Vemos o interesse de alguns agentes estratégicos, assim como alguns fundos e investidores financeiros”, disse o executivo.

No mercado de dívida, o ritmo deve ser menos acelerado que o de 2024. No ano passado, foram R$ 709 bilhões em emissões de renda fixa, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Foi um volume recorde, com a maior demanda pelos papéis diante da alta dos juros.

Marangon vê uma maior atividade no mercado de dívida internacional. Ainda assim, considera que o banco está bem posicionado no mercado local de renda fixa, justamente pelo crescimento do balanço.

“Conseguimos não só uma participação mais ativa nos empréstimos em moeda local, como também uma participação mais ativa no mercado de capitais local, o que não é natural para um banco estrangeiro”, disse ele. Com seletividade ao participar de operações, no ano passado, o banco ajudou a estruturar ofertas que movimentaram R$ 25 bilhões.

Outro objetivo é manter o fortalecimento da franquia de private bank, que atende a clientes que tenham ao menos US$ 25 milhões em patrimônio, e que consigam alocar ao menos US$ 10 milhões com o banco. Neste caso, o Citi vê a presença global como principal vantagem competitiva em um cenário em que os clientes mais afluentes buscam uma diversificação internacional maior.

Com informações de Estadão Conteúdo (Matheus Piovesana)
Imagem: Shutterstock

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