Dia, Semana, Mês do Consumidor… qual sua estratégia para explorar ao máximo essa oportunidade?

Dia, Semana, Mês do Consumidor... qual sua estratégia para explorar ao máximo essa oportunidade?

Longe de ser considerado uma Black Friday, uma Black Week ou uma Black Month, a sazonalidade de comemoração do Dia do Consumidor, no mês de março, vem se consolidando como uma boa oportunidade incremental de vendas para o varejo, principalmente o online, que explora essa campanha há bem mais tempo e de forma mais dinâmica.

Não se trata de uma invenção do varejo brasileiro, o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor foi estabelecido em 15 de março de 1962 nos Estados Unidos, com foco nos direitos fundamentais dos consumidores: segurança, informação, escolha e o direito de ser ouvido.

No Brasil, a data ganhou mais relevância após a sanção do Código de Defesa do Consumidor em 1990. E nos últimos 10 a 15 anos tem sido explorada pelo varejo brasileiro como movimento promocional com intenção de beneficiar o consumidor com descontos, brindes, etc.

A essência do Dia do Consumidor hoje está longe da sua proposta inicial, e se resumiu a uma forma de gerar mais vendas para os varejistas. Toda atitude que beneficie verdadeiramente o consumidor é genuína, seja um serviço bem executado, seja um reconhecimento, seja um oferta de 30% de desconto. Não importa que rumo tenha tomado a ideia inicial, mas que a mesma proposta continue verdadeira, que é o direito de o consumidor ser bem atendido, com o melhor qualidade possível, na melhor condição possível. E cabe ao varejista se superar nesse reconhecimento ao consumidor.

No Brasil outro fenômeno tem sido comum, o dia se torna semana, que se torna mês, e com isso se estende excessivamente a sazonalidade, num contexto de custo de mídia cada vez maior. Esse artificio ajuda as empresas a terem tempo para se comunicar com o cliente, visto que o poder de impacto esta cada vez menor, mais diluído, e disperso entre as milhares de outras empresas, produtos e ofertas.

Mas o tiro nem sempre acerta ao alvo, pois, quando se estende demais uma sazonalidade, você tira do consumidor o senso de urgência, o referencial de tempo, e ele começa a desacreditar que tal oferta e beneficio dure tanto tempo, pois, se é tão bom, tão forte, seria difícil o varejista manter. O consumidor começa a duvidar e achar que na verdade aquele beneficio é o mesmo de sempre.

Com base nos meus mais de 25 anos de varejo, entendo que a Semana do Consumidor tem o efeito mais positivo, amplia os dias de oferta, mas com restrição clara de tempo, gera mais crença na veracidade das ofertas, e de fato aumenta as vendas nesse período. “Dia” é subaproveitar e “Mês” é flertar com risco de passar por enganador. Nada melhor que um meio termo.

Sobre o perfil dos benefícios, entendo ser extremamente simplista e pouco criativo se ater somente a ofertas de descontos percentuais ou nominais. A raiz da campanha precisa ser o Direito do Consumidor, com um reconhecimento formal, um elogio, um agradecimento, algo que o exalte e o faça se sentir importante.

Os descontos e benefícios precisam ter uma lógica de valor para o cliente, algo desejável, algo que o surpreenda, algo alinhado com as mais altas expectativas do consumidor. De que adianta oferecer um brinde de custo alto, mas de relevância questionável para o cliente? De que adianta oferecer descontos agressivos para produtos que são sonho de consumo de uma parcela muito pequena dos clientes? Essa junção de reconhecimento e benefício, alinhada ao desejo do consumidor, faz toda a diferença no resultado da campanha, visa gerar mais incremento de vendas, e muitas vezes sem tanto comprometimento de margem.

Outro ponto relevante é a estratégia de comunicação, a criatividade das campanhas e o uso correto dos canais. O varejista tende a ser mais intenso do que criativo, e isso é muito negativo, pois não adianta enviar mil vezes uma comunicação que não é chamativa ou convincente. O resultado será baixo de qualquer forma. O consumidor precisa, nesse período, ser impactado de forma diferente do dia a dia. O que acha de oferecer uma experiência nova de compra para esse consumidor que comprar durante a Semana? Ou eleger alguns clientes especiais para ofertar isso? Surpreenda na abordagem , no mote de comunicação, no formato da comunicação, na arte, no interlocutor, no pós-venda. É necessário marcar a vida do cliente naquele momento.

Chega de fazer mais do mesmo e esperar resultados diferentes. Recordes de venda e crescimento acima do mercado só vêm com atitudes diferentes que surpreendam positivamente o cliente. Boas vendas e feliz Semana do Consumidor!

Roberto Wajnsztok, sócio-diretor da Gouvêa Consulting.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

Imagem: Shutterstock

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