Naturaltech chega à 18ª edição com 1.700 marcas de produtos em exposição no Anhembi

A feira reforça a ideia de que é possível obter resultados financeiros com linhas orgânicas, naturais e sustentáveis

A Naturaltech, feira de produtos naturais, e a Biobrazil, feira de produtos orgânicos, abriram as portas do Anhembi, na zona norte de São Paulo, acompanhadas de 700 expositores e 1.700 marcas de produtos alinhados com o propósito do evento. São 47 mil m² de piso – fabricado a partir da reciclagem do jeans – destinados a estandes, arena de palestras simultâneas, rodadas de negócios, produção de receitas e novidades do setor. Com início nesta quarta-feira, 12, as feiras, que sempre foram realizadas em conjunto e chegam à sua 18ª edição neste ano, ficarão abertas ao público até o dia 15 de junho.

O número cada vez maior de empresas interessadas não acompanha somente uma tendência. O mercado global cresceu a uma taxa de 10% e movimenta, atualmente, cerca de US$ 300 bilhões. No Brasil, a expectativa é de que o setor de produtos orgânicos alcance US$ 1,77 bilhão nos próximos dois anos, segundo estimativas da Research Markets. Ou seja, existem muitas oportunidades para os negócios escalarem.

“É possível ter resultado financeiro preservando o meio ambiente, preservando o planeta”, afirma Valeska Ciré, head de produto da Francal e responsável pelas feiras Biobrazil e Naturaltech.

Para fazer parte do evento, é preciso atender a alguns critérios rígidos. Primeiro, porque o consumidor desse segmento tem um alto nível de exigência. Segundo, para evitar o greenwashing, isto é, companhias que se vendem como sustentáveis, mas estão ainda muito distantes das boas práticas.

Valeska explica que para participar da Biobrazil é preciso apresentar, no momento da formalização do contrato, o certificado orgânico válido, emitido pelo Ministério da Agricultura por meio de certificadoras existentes. A Naturaltech atua em um nicho mais amplo, que envolve marcas de suplementos, alimentos funcionais, cosméticos naturais e até linha pet. “O mercado ainda não oferece certificações como para orgânicos”, diz a executiva. Para suprir essa carência, foi criada uma comissão técnica, composta por nutricionistas, que auditam os participantes antes e durante a feira.

Antes de um contrato ser concluído, os produtos que serão lançados ou expostos são avaliados segundo a composição. Baseada em uma lista de “ingredientes proibidos”, isto é, incompatíveis com o propósito da Naturaltech, a comissão aprova ou não a entrada do expositor e dos itens. Durante o evento, a comissão visita os estandes para verificar o cumprimento do regulamento.

Aquelas empresas que acabam barradas são orientadas sobre o funcionamento do setor, e podem se ajustar para que, no ano seguinte, retornem afinadas com os valores da feira.

Oportunidades e negócios

No ano passado, as feiras receberam 52 mil pessoas durante os quatro dias de evento. Neste ano, o público pode ser ainda maior. Além dos espaços destinados à exposição de produtos, a organização oferece 5 tipos de serviços:

Marcas

A MERCADO&CONSUMO visitou alguns estandes e apresentamos um breve recorte da Naturaltech 2024.

A Alva nasceu em Joinville, Santa Catarina, a partir dos ensinamentos da mãe da CEO e fundadora da marca, Ananda Bochilia, que não permitia alimentos e produtos químicos. A empresa começou como importadora de cosméticos naturais há 16 anos. Ao longo dessa trajetória, Ananda construiu a própria linha e, hoje, comercializa cosméticos naturais para o corpo, cabelo, oral care, em diversos formatos (líquido e em barra, por exemplo), além do lançamento da linha kids natural para cabelos de laranja doce.

“Eu montei uma empresa para atender ao mercado e atender a mim mesma com sustentabilidade. O mínimo que a gente deveria fazer, hoje, é ser sustentável”, destaca. No início da operação, segundo a executiva, foi preciso educar o consumidor. “Precisamos conscientizar, ensinar, mostrar como funciona o nosso corpo, o que é um cosmético natural, vegano, a diferença de um e de outro. A gente começou com um desodorante, que era a maior necessidade naquela época, pois não existia um natural que atendesse ao clima brasileiro”, explica Ananda.

A Alva vende seus produtos por e-commerce e também por WhatsApp. Há programa de revenda e de afiliados.

Fundada da zona norte de São Paulo e com 31 anos de mercado, focados na comercialização de óleos essenciais, a empresa está se reposicionando com a entrada definitiva no setor de cosméticos. Neste primeiro dia, apresentou dois novos produtos para o mercado: o fluido bifásico hidratante (textura fina e mais aquosa) e o hidrante corporal de café e toranja (consistência de creme). Ambos os produtos são feitos à base de óleos essenciais e têm alto poder de hidratação.

O foco, este ano, é expandir a atuação da companhia e levar toda a sua expertise de três décadas para criar novos cosméticos. Ainda este ano, será lançada uma linha de sólidos.

A empresa é uma plataforma de e-commerce, que vende produtos alimentícios saudáveis, desde kits de refeições congeladas para 1 semana a doces. Com pouco mais de 5 anos de funcionamento, a empresa mira os suplementos de marca própria, inclusive, apresentados no estande, na Naturaltech, por uma das fundadores e gerente comercial comercial do negócio, Érica Nascimento.

Outro produto em exposição eram os purês de frutas, em três sabores, fabricados pela Galifresh, com quem a Menu com Saúde  mantém parceria.

Em meio a tantos expositores voltados para produtos como alimentos, bebidas e cosméticos, os tecidos indianos próximos à entrada e o brilho dos mosaicos típicos colados às esculturas chamaram a atenção. Grande importadora de produtos indianos, é a única distribuidora autorizada da Goloka, fabricante de incensos de qualidade superior e perfumes.

Há dois anos, Camila Saccomani e outros dois sócios fundaram a startup focada em sorvetes de leite de castanha de caju fresco, zero glúten e zero lactose. Os sabores morango, chocolate, paçoca protein e cocada cremosa são encontrados com zero açúcar. Já os sabores chocolate cremoso, caramelo crunch e morango creamy são produzidos com açúcar reduzido. A linha de sorvetes tem baixo teor gordura e utiliza proteína de fava especial e feijão branco na formulação.

Pela primeira vez na Naturaltech, Camila levou para o Anhembi o próximo lançamento da empresa: o adoçante feito da fibra da tapioça e stevia rara. As medidas são análogas ao açúcar refinado (1 para 1), mas, diferentemente de adoçantes como eritrol ou maltitol, o Freesugar pode ser utilizado como base para doces, porque cumpre a função do açúcar nas receitas e, inclusive, carameliza.

A Yes Free está desenvolvendo novos produtos para serem lançados entre este ano e o próximo, como doce de leite 100% vegetal e balas e gomas zero açúcar.

O espaço levou a indústria para perto do lojista e do consumidor. Além de experimentar os produtos, alguns deles, só adquiridos congelados, é possível fazer negócio, comprar uma coxinha de jaca e levar salsinha vegana para casa.

Imagens: MERCADO&CONSUMO

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