Com o crescimento do comércio eletrônico no País, a previsão é que, em 2025, o e-commerce nacional alcance um faturamento de R$ 204,3 bilhões, com crescimento de 10%, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). A atividade tem espaço para expansão, representando 9,2% do varejo tradicional.
Os varejistas locais encontram nos marketplaces uma alternativa para aumentar as vendas ao exterior, já que o Brasil possui apenas 1% de empresas exportadoras, de acordo com a entidade. No ano passado, o faturamento atingiu R$ 185,7 bilhões, alta de 9,5% sobre 2022, com tíquete médio de R$ 470 e 395 milhões de pedidos.
“A gente observa um movimento bastante intenso de marcas nacionais, de varejistas nacionais, procurando esse novo modelo de comercialização internacional”, afirma o diretor de Cross Border da ABComm, Rafael Sant’Anna.
O e-commerce já vinha apresentando crescimento, no entanto, com a chegada da pandemia, a atividade deu saltos. Segundo o diretor da ABComm, em dois anos cresceu o equivalente ao previsto para dez. Somente de 2019 para 2021, o faturamento aumentou 67,5%, de R$ 90 bilhões para R$ 150,8 bilhões.
“O consumidor entendeu como atuar no canal digital. Eu diria que estamos no início dessa rampa, em termos de maturidade”, diz Sant’Anna. A pandemia, segundo ele, “forçou o sistema a evoluir em suas ofertas de tecnologia e serviços”. No caso da exportação, o diretor da ABComm acredita que faltam conhecimento e incentivo, além da ainda presente barreira do idioma. “Está acontecendo de forma gradativa, na prática. Por enquanto, a demanda está sendo empurrada. Falta puxar a demanda. O marketplace me dá conhecimento de mercado, visibilidade e tráfego.”
Amazon
A Amazon criou, em 2021, no Brasil, um programa de vendas internacionais. De um total de 78 mil vendedores parceiros – sendo 99% MPME –, 4% (ou 3.120) exportam seus produtos por esse mecanismo.
“Acreditamos que a internacionalização é fundamental para o crescimento das MPME e para o fortalecimento da economia”, afirma o presidente da Amazon no Brasil, Daniel Mazini.
Em julho, a empresa firmou um acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex-MDIC) para “fortalecer a cultura exportadora entre os empreendedores brasileiros”. Essa parceria prevê treinamentos online, suporte aos vendedores e mesa-redonda com mulheres exportadoras. O MDIC informou que não dispõe de dados específicos de vendas ao mercado externo via marketplaces.
De acordo com a Amazon, o marketplace é “pilar essencial” para o sucesso das operações. Os parceiros respondem por mais de 60% das vendas globais e já reúnem 18,4 milhões de produtos listados no site da companhia.
Mercado Livre
No caso do Mercado Livre, em relatório referente ao segundo trimestre deste ano, o grupo reportou receita líquida de US$ 5,1 bilhões, um crescimento de 41,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Mais da metade (54,9%) desse resultado (US$ 2,8 bilhões) veio do Brasil, onde a receita cresceu 51,2% na mesma base de comparação. Da receita brasileira, US$ 1,7 bilhão vem do comércio e US$ 1,1 bilhão da fintech.
Sant´Anna, da ABComm, acredita que, nos próximos anos, vários países farão “ajustes” em seus marcos regulatórios sobre o setor. “O modelo de negócio já foi testado. O consumidor quer”, afirma o diretor.
Os marketplaces podem ser uma boa ferramenta, mas Eder Max, consultor de negócios do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), recomenda cautela. “Há uma grande empolgação inicial, sem conhecimento das ferramentas. Quando a gente fala em marketplaces, duas coisas são importantes: o nicho que você vai escolher e a taxa de operação”, afirma. Segundo ele, os custos podem determinar a margem de lucro.
Com informações de DC News.
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