Web Summit 2018 – Só não dá para ignorar

Foram quase 60 mil participantes de 170 países, 1200 palestrantes, 2000 startups, 1400 investidores, 3000 voluntários apoiando e 2500 jornalistas interagindo, debatendo, se conhecendo e comunicando em tempo real na nona edição do Websummit. Não só não pode ser ignorado, mas deveria, de fato, ser referenciado por sua proposta.

No mínimo, um evento ambicioso na sua concepção de estudar, debater e avaliar de forma ampla as mudanças precipitadas no mundo em todas as suas dimensões, incluindo aspectos econômicos, políticos, humanos, ambientais, sociais, de mobilidade, comportamentais e digitais. Para tentar se sintético.

De forma mais ambiciosa, a partir da concepção original de abrir espaço para que startups conectassem investidores num ambiente de troca intensa de aprendizados, o evento, nascido em Dublin e depois mudado para Lisboa, se tornou um grande hub de conexão e debates, muitas vezes um tanto superficiais pelo modelo proposto, mas abrangente o suficiente para gerar muito mais questões, insights e indagações do que respostas ante a diversidade de temas abrangidos.

O conceito do “caórdico”, criado por Dee Hock, ex-CEO da Visa, provavelmente nunca teria sido melhor aplicado para representar a combinação do caos com algum ordenamento que se assistiu no evento.

Numa outra tentativa de explicação, poderíamos nos referir a um “patchwork” (colcha de retalhos), onde as peças são aglutinadas, cada uma com uma forma, desenho e cores, compondo um grande mosaico da realidade global em transformação.

Inteligência artificial, igualdade racial e sexual, a transformação do emprego, as mudanças no comportamento das gerações futuras, os conflitos políticos, as questões ambientais e seu impacto na sociedade e na  geopolítica, mobilidade, evolução das cidades, os choques geracionais, o transporte autônomo, o sexo na era digital e o advento dos robots, a evolução da comunicação humana, não faltaram temas provocativos e atuais.

Apresentações e debates mais polêmicos replicavam muitas vêzes jogos com torcidas organizadas, onde manifestações eram ovacianadas por grupos pró e contra ideias e conceitos.

A presença de nomes icônicos no cenário global como Al Gore, o ex-presidente François Hollande, Stephen Hawkins (ainda que por vídeo), Brian Krzarnich (CEO da Intel), Mark Hurd (CEO da Oracle), Werner Vogels (CTO da Amazon), Brad Smith (Presidente da Microsoft), John Seifert (Chairman e CEO da Ogilvy), Jeff Holden (CPO do Uber), além de políticos, atletas, gurus de toda ordem, acadêmicos, jornalistas-âncoras, os robots humanóides Sophia e Einstein e muitos mais, que mobilizavam a audiência que chegava a milhares de pessoas na arena principal das apresentações no Altice Arena, na Feira Internacional de Lisboa.

Marcas, conceitos e negócios que se tornaram referência na visão e ambição dos jovens tocados pela diversidade digital, como Uber, Google, Facebook, Singularity Universitiy e outros, ocuparam espaços para mostrar suas visões e iniciativas, tendo o evento sido aproveitado para sinalizar novas propostas, como a do Uber, anunciando a partir de 2020 seu transporte aéreo em Los Angeles.

Qualquer tentativa de busca da síntese dos quatro dias do evento seria inócua, para não dizer impossível, já que sua proposta era exatamente o contrário, ou seja, mostrar a diversidade de comportamentos, tendências, enfoques e visões de um mundo cada vez mais amplo em sua complexidade, especialmente em tudo que diga respeito às reações humanas num cenário em profunda e ampla transformação.

O evento colocou Lisboa no epicentro dos debates sobre as mudanças que o Mundo vive, com suas contradições, desafios, oportunidades, ameaças e novas realidades. E precipitou também reflexões amplas sobre os caminhos diversos que emergem dessa pluralidade de estímulos.

Cabem análises mais abrangentes sobre como tudo isso impacta os diversos ambientes, especialmente o de negócios, a partir dessa recomposição do comportamento humano, em particular dos consumidores-cidadãos na sua interação com a tecnologia e o digital, no mundo atual e futuro, mudando referências, ambições, acesso às informações e nas suas inter-relações.

Mas, ao mesmo tempo, precisa ser avaliado o impacto que tudo isso traz aos colaboradores das empresas e negócios, cada vez mais ungidos e sensíveis ao apelo do empreendedorismo, especialmente digital, que cria uma nova geração de funcionários com ambições e perspectivas distintas em relação àquelas que as empresas se estruturaram para entender e atender.

Aparentemente não era proposta trazer resposta às amplas e abrangentes indagações que emergem dessa combinação plural de diversidade, especulação e provocação, mas sim instar o obrigatório repensar de absolutamente tudo relativo aos cenários emergentes.

E que cada um dos 60 mil presentes crie sua agenda pessoal de aprofundamento, sensibilização, priorização e mudança.

Só não pode ignorar. É amplo e ambicioso demais para passar batido.

 

NOTA. Nesta semana passada foi lançado o Programa Mercado & Consumo na TV que será exibido na rede Record News, em canais abertos e fechados, e que será também mostrado na Internet. Ele reúne notícias, informações, inovações e entrevistas envolvendo os setores de varejo, shopping center, e-commerce, franquias e food service e estará sempre destacando os principais movimentos do varejo e do consumo no Brasil e no Mundo. É mais uma iniciativa do Grupo GS& para contribuir para o desenvolvimento dos setores que atua.

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