Um estudo sobre hábitos e atitudes dos brasileiros em relação à locação de bens, como roupas, ferramentas e eletrônicos, mostrou uma tendência de maior adesão à economia compartilhada, movimento que ganhou força durante a pandemia de covid-19 e parece se manter. Naquele período, apesar do preço dos aluguéis terem aumentado, o confinamento e as dificuldades financeiras permitiram maior sortimentos de itens disponíveis para locação e ampliaram o conhecimento de novas possibilidades.
O levantamento foi realizado em parceria entre a Casa do Construtor e a AGP Pesquisas, com o objetivo de acompanhar o comportamento dos brasileiros em relação a reformas e economia compartilhada. Foram ouvidas 600 pessoas, sendo 49% homens e 51% mulheres das cinco regiões brasileiras, com média de idade de 37 anos, de todas as classes sociais.
Entre os respondentes, 36% nunca pensaram em alugar os seus pertences a terceiros, mas consideraram a proposta interessante. Nessa categoria, 24% têm disposição para alugá-los, enquanto uma parcela ainda pequena, de 3%, já aluga.
O brasileiro pode ser considerado bastante conservador quanto à posse de seus bens, algo menos importante para os mais jovens, especialmente aqueles da Geração Z. No estudo realizado, 38% disseram que nunca pensaram em alugar os seus pertences e não têm disposição para isso.
Novos negócios
Entre os entrevistados que já alugam itens de terceiros, os segmentos mais citados são automóveis (32%), artigos para festas (29%), trajes de festas/casamentos (27%) e imóveis (18%).
Mas quando a pergunta é feita sobre quais itens o entrevistado teria interesse em alugar, 46% responderam equipamentos para obras e reformas e também ferramentas menores em geral, 44% alugariam aspirador de pó e lavadora de pressão e 40% demonstraram interesse na locação de maquinários, como motosserra, furadeira e roçadeira, sugerindo uma boa oportunidade de novos negócios.
Itens que menos despertam interesse de compartilhamento são equipamentos de pesca (73%), terrenos (68%) e empatados em terceiro lugar, louças e tablets/celulares (63%).
“Identificamos no estudo que não apenas o hábito de locação faz parte do dia a dia dos brasileiros, como vem crescendo a percepção de que alugar em muitos casos é mais barato e vantajoso”, firma Altino Cristofoletti Junior, CEO e um dos sócios fundadores da Casa do Construtor.
“Neste sentido”, prossegue, “temos duas grandes oportunidades: para as empresas, desenvolver e ampliar suas ofertas de locação e, para os consumidores, reduzir a imobilização de capital e focar no uso ou acesso e não na propriedade de bens que são muito pouco utilizados, o que certamente traz benefícios sustentáveis no médio e longo prazo”, observa Cristofoletti.
Custos e benefícios
Alugar artigos de festas, trajes finos e equipamentos para obras/reformas é considerado uma “ótima ou melhor alternativa que a compra para 47%, 44% e 41% das pessoas ouvidas, respectivamente, principalmente por serem itens muitas vezes caros para um único uso.
Mesmo havendo interesse no aluguel de ferramentas, maquinários e equipamentos para a reforma, a percepção da resistência dos brasileiros fica mais evidente na resposta “Evito, mas às vezes preciso”, dada por 30% sobre a categoria equipamentos para obras/reformas, por 26% sobre a categoria aspirador de pó, lavadora de pressão e e por 25% sobre a categoria maquinário como motosserra, furadeira, roçadeira.
O estudo também aferiu as percepções de custo de locação por aqueles que já cultivam este hábito. Para 80% dos entrevistados, é muito mais barato ou mais barato locar roupas de festa/casamento, 76% maquinários e 74% artigos para festas.
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