A contínua reinvenção do ponto de venda

Impressionante a evolução do ponto de venda nestes últimos anos. Semana passada em Dubai, nos Emirados Árabes, tivemos o privilégio de realizar o nosso tour pelo varejo local e fomos recebidos pelo Carrefour do Mall of Emirates, um típico hipermercado, mas com muitas inovações.

Essa loja é uma das três que mais vendem na rede globalmente, totalizando algo com R$ 2 bilhões em receita anual. Na região, são mais de 17 lojas em diversos formatos.

Para ser ter uma ideia do que estamos falando, são 14.000 m² de área de vendas com 10.000 m² de área de apoio, recebendo mercadorias 24 horas por dia  e 7 dias por semana.

É seguramente a loja mais internacional do grupo, por localizar-se em Dubai, hub mundial de compras. Atende a um mercado multicultural constituído de 90% expatriados, com 200 diferentes idiomas, além da quantidade extraordinária de turistas que frequentam os Emirados Árabes Unidos e passam pelo mall.

Neste hipermercado, com seu formato box tradicional, diversas iniciativas e práticas inovadoras estão sendo aplicadas, com muitas frentes de automação visando produtividade da operação. E, falando em produtividade, o que nos chamou a atenção foi o Robô Tally, responsável por nada menos do que checar o planograma em tempo real de mais 40.000 SKU’s!

Ele identifica a falta de produto na prateleira tanto em profundidade quanto de largura na gôndola, preços alocados erroneamente e até mesmo auxilia na checagem de estoque das compras online que serão coletadas das prateleiras de loja. O robô passa em revista três vezes ao dia nessa imensa loja, apontando para os controladores onde e como intervir imediatamente.

Em termos de automação, além dos self-checkout, já muito explorado em nosso País, vimos também o scan & go. A pessoa faz toda a sua compra escaneando os produtos em um aparelho e ao final dela descarrega o que coletou em um self-checkout. Outras iniciativas também estão sendo testadas, como o carrinho autônomo para o delivery na casa do cliente atendendo o “last mile“.

Apesar de todas as iniciativas de automação vistas neste formato tradicional de loja, o que ainda chamou mais a atenção foi a presença marcante da indústria como parceira no chão de loja. Para se ter uma ideia, essa loja sozinha conta com mais de 350 promotores da indústria, de segmentos tradicionais, como eletroeletrônicos, até pet, malas e bagagens, store in store (loja Lego) e muito mais.

Na área de cosméticos, a indústria domina e dá show, desde a gestão de categorias até mesmo na comunicação, com os painéis digitais e apoio de promotoras e usos específicos, tornando o ambiente único e diferenciado. O mesmo ocorre na área de snacks e bebidas, onde o cross merchandising acontece fluidamente.

A comunicação visual da loja incorporando tecnologia é incrível. Na área de frutos do mar, nada menos do que um painel em LED de 25 metros de extensão provoca uma sensação única de frescor ao ambiente, literalmente mergulhando o consumidor em um mar azul.

A contínua reinvenção do ponto de venda

Como se isso tudo fosse usual, ainda temos um “real estate” dentro da loja, com ofertas de serviços e produtos oferecidos por parceiros, como restaurantes, loja de joias, farmácia, ilha de doces regionais, embutidos e queijos especiais, cafeteria com ampla seleção de cafés especiais e até mesmo um açougue premium.

Food as strategy

Em termos de foodservice, encontramos na loja uma relevante rotisseria com “meals to go” e até mesmo uma loja de conveniência na entrada do hiper, com ampla oferta de alimentos preparados e grab & go como chamariz para a loja principal. Na foto, o alimento como estratégia de geração de fluxo é o shawarma, atraindo grande atenção do público passante.

Essa experiência em Dubai, nos EAU, nos provou que, mesmo um formato de loja absolutamente tradicional – hipermercado -, muito conhecido em nosso País e que por aqui andou encolhendo, é capaz de se reinventar, se tornar um hub de parcerias, um exemplo de eficiência operacional e ir muito além da sua conhecida vocação.

Jean Paul Rebetez é sócio-diretor da Gouvêa Consulting.
Imagens: Divulgação e Jean Paul Rebetez

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