Briga bilionária da família Zarzur chega aos tribunais americanos

Uma das herdeiras, Adele Zarzur contratou o ex-diretor antifraude do Departamento de Justiça Americano para fazer uma varredura nos bens dos irmãos

Briga bilionária da família Zarzur chega aos tribunais americanos

Waldomiro Zarzur morreu há dez anos e deixou uma herança bilionária

A briga bilionária pela herança deixada pelo construtor Waldomiro Zarzur acaba de chegar aos tribunais dos Estados Unidos. Uma das herdeiras, Adele Zarzur, à frente de um embate na Justiça contra seus irmãos, Roberto e Ricardo, contratou um nome de peso para sua empreitada no exterior: Robert Zink, o ex-diretor antifraude do Departamento de Justiça Americano que hoje atua pelo escritório Quinn Emanuel Urquhart & Sullivan. O objetivo é fazer uma varredura de eventuais bens dos irmãos que podem estar fora do Brasil.

Adele pediu à Justiça brasileira a reabertura do inventário do pai exatamente pela sua suspeita de que haveria bens não listados para a distribuição entre os herdeiros. Em uma decisão de julho, a juíza Eliane da Camara Leite Ferreira havia solicitado que a herdeira fizesse uma lista de todos os bens que teriam ficado de fora da partilha original. No entanto, Adele argumenta que não obteve cooperação de seus irmãos ou de instituições financeiras estrangeiras.

Foi isso que motivou a contratação de um especialista já conhecido no Brasil. Zink, ainda quando procurador, foi o nome por trás da prisão do ex-presidente da Braskem José Carlos Grubisich – preso ao chegar aos EUA em 2019, ele foi condenado a 20 meses de reclusão. Agora contratado por Adele, Zink faz uso de um instrumento existente na legislação americana que permite que uma pessoa busque provas documentais ou testemunhais nos EUA para uso de em ações estrangeiras.

Antes da ação, Zink, há cerca de duas semanas, já havia notificado o banco JP Morgan pedindo informações sobre contas bancárias dos dois irmãos e de Waldomiro Zarzur, além de documentos. Agora judicialmente, Zink pede também acesso a informações de uma entidade americana chamada de CHIPS, que atua como banco de compensação para transferências eletrônicas denominadas em dólares americanos entre bancos domésticos e internacionais. Também foram solicitadas dados do Fed (o banco central dos EUA).

“O réu JP Morgan auxiliou na criação de (pelo menos algumas das) entidades-alvo e administrou suas contas e investimentos financeiros. Os extratos de conta e portfólio dessas contas seriam críticos para mostrar ainda mais os ativos que foram ocultados do espólio e desviado dessas entidades. O peticionário já solicitou informações ao JP Morgan sem sucesso”, segundo a ação.

Varredura

No Brasil, Adele chegou a contratar um perito para traçar eventuais desvios de bens por parte dos irmãos. Ela teria descoberto fraudes de R$ 211 milhões. Adele sustenta que necessita de pronto acesso a esses documentos para detectar potenciais ilícitos cometidos no exterior.

O que está em jogo é uma fortuna bilionária deixada pelo patriarca, de mais de R$ 5 bilhões. Ao falecer, em 2013, Waldomiro deixou uma montanha de bens incluindo usinas hidrelétricas, prédios comerciais, fazendas e hotéis, como o WZ, na esquina da Alameda Lorena com a Avenida Rebouças. O empreendimento mais famoso é o edifício mais alto do centro de São Paulo, o Mirante do Vale.
Procurados, os irmãos Zarzur não responderam.

Com informações  de Estadão Conteúdo 

Imagem: Reprodução

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