NRF 2021: segundo especialista, pandemia provocou uma ‘grande compressão’ da inovação no varejo

A pandemia global que se instalou no inverno passado mudou indiscutivelmente o cenário do varejo – talvez para sempre. No Retail’s Big Show,  maior feira de varejo do mundo realizada pela National Retail Federation (NRF), neste ano em ambiente digital, Mitch Joel, jornalista e fundador do Six Pixels Group, Inc., apelidou esse atual momento em que a sociedade está inserida em “Grande Compressão” – uma rápida adoção de novos comportamentos de compra e uma dependência sem precedentes do digital, estimulado pela crise da Covid-19.

Enquanto o mundo estava rapidamente se tornando mais experiente em tecnologia antes da pandemia, os eventos dos últimos meses forçaram os consumidores – jovens e idosos -, a confiar em soluções tecnológicas para as tarefas diárias mais simples, disse ele. As crianças aprenderam rapidamente a usar o Zoom para ensino à distância em seus computadores e tablets, enquanto muitos idosos passaram a praticar com mais frequência compras online. “As coisas que esperávamos levar até 2030 aconteceram de repente no espaço de alguns meses”, disse ele.

O início da pandemia levou o varejo a passar por três “estágios de evolução repentina”, diz Joel: para sobreviver, sustentar e, finalmente, se esforçar para se recuperar.

Etapas da crise

Nos primeiros dias, a crise representou uma corrida louca simplesmente para resistir às pressões, com muitos varejistas tentando entender quais áreas de seus negócios estavam sendo afetadas e quais produtos e serviços poderiam ser considerados essenciais para compradores ansiosos e sem dinheiro. Muitas organizações não conseguiram resistir a esse período, disse Joel, provocando uma onda de carnificina econômica, principalmente falências.

Em agosto, dentro do que pode ser considerado o período normal de volta às aulas, “entramos em um modelo mais sustentável”, disse Joel. Os varejistas sobreviventes enfrentaram as pressões da pandemia e desenvolveram estratégias voltadas para o futuro, como serviços omnicanal expandidos e plataformas aprimoradas de e-commerce, para lidar com a migração do consumidor online e fora das lojas.

Antes do início do da pandemia de Covid-19, o comércio eletrônico representava apenas 15% de todas as bolsas de negócios, um número que disparou rapidamente para 50% durante os longos meses de bloqueio, disse ele. Embora a reabertura do varejo deva levar a outra mudança nesse colapso, Joel não acredita que a web perderá muito terreno no futuro e certamente não retornará aos números anteriores à pandemia. Isso é significativo, considerando que muitos especialistas previram que a compra online representaria apenas 30% de todo o comércio até 2030.

Varejo físicocom menor atratividade

O apelo do varejo físico também diminuiu no ano passado. Fazer compras – antes uma atividade relaxante e social – tornou-se algo arriscado e desconfortável, comentou Joel. Embora as compras pessoais possam recuperar seu apelo com a ampla disseminação das vacinas contra o coronavírus, as opções online também ganharam terreno durante este período, tornando-se mais experienciais e menos transacionais – uma maneira divertida para os compradores inquietos passarem o tempo.

“As pessoas não compram coisas, elas compram experiências – ouvimos issodesde sempre”, disse Joel. A maior parte do setor ainda está resolvendo os problemas que tornam as experiências online e omnicanal convenientes, contínuas e envolventes para os consumidores, e ainda não entrou no estágio final de luta pela recuperação.

“Experimentamos algo que nos forçou a fazer as coisas com maior agilidade, inovar e pensar diferente para sobreviver e chegar a esse ponto de sustentação”, lembrou Joel. As empresas não devem recuar nesses esforços uma vez que o cenário do varejo comece a voltar ao normal, acrescentou.

Imagem: Bigstock

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