Como superar a redução do poder de compra no varejo

Como superar a redução do poder de compra no varejo

Encerramos o primeiro semestre de 2023 e um dos principais desafios que o setor do varejo passaria este ano, segundo especialistas, seria conseguir driblar a redução do poder de compra dos consumidores brasileiros. Em Mato Grosso, também nos deparamos com este mesmo desafio. Apesar do crescimento de alguns setores econômicos, como o agronegócio, que também impacta em nossa atividade, manter as vendas nos patamares que tínhamos anteriormente não tem sido uma tarefa fácil.

Uma pesquisa do Serasa mostrou que Mato Grosso está na lista dos cinco Estados com inadimplência acima de 50%, perdendo apenas para o Rio de Janeiro, Amapá, Amazonas e Distrito Federal, respectivamente. É o pior índice apontado pela empresa que é referência em análises e informações para decisões de crédito.

A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) também apontou, recentemente, que 87% dos brasileiros têm dívidas no cartão de crédito. São pessoas que ganham de 3 até mais de 10 salários mínimos. Como esperar que as vendas cresçam com tanta inadimplência?

Para quem atua no varejo, é perceptível que o poder de compra dos consumidores no período pós-pandemia tenha reduzido substancialmente. A renda média em relação ao preço dos produtos não cresceu na mesma proporção. E, para tentar driblar esse descompasso, nós, da Casa Prado, estamos investindo cada vez mais no relacionamento com os clientes, especialmente nas lojas físicas.

Neste artigo, trago algumas das estratégias que estamos praticando para minimizar os impactos negativos da diminuição do poder de compra dos consumidores. Buscamos reforçar a experiência na loja física porque acreditamos que é lá que está o nosso diferencial. Os canais digitais continuam a crescer em popularidade, isso é fato, mas a loja física ainda tem um papel fundamental para as vendas.

Os consumidores buscam boas experiências e isso só é possível ali, presencialmente. Na loja eles podem interagir com os produtos e ter um atendimento cada vez mais personalizado. E como competimos com os canais digitais? Investindo em melhorias nessa experiência da loja física, criando um ambiente agradável e atraente para os clientes.

Temos o nosso serviço e-commerce também e que, inclusive, cresceu durante a pandemia. Reformulamos o nosso site para facilitar o atendimento digital mas, atualmente, notamos que os clientes estão interessados em ir até as lojas para provar os produtos antes de adquiri-los. Investir em relacionamento para que o cliente tenha uma conexão mais duradoura com a marca faz parte da missão do nosso grupo e pode ser uma boa estratégia para você também.

Se o ponto de venda é onde o show tem que acontecer, é fundamental investir em treinamentos das equipes. Transformar uma simples venda em uma experiência completa para o cliente requer das equipes um repertório sobre moda que vai desde os tecidos até estilos, tendências e qualidade. E isso só é possível com muito treinamento.

Na Casa Prado investimos em treinamento de alfaiataria, por exemplo. Ela é a cereja do bolo do nosso negócio. Não basta apenas fazer campanhas de marketing sem entregar um serviço de qualidade e acabamento impecável. Por isso, somos extremamente criteriosos com a alfaiataria, que permite aproveitar ainda mais a presença do cliente em nossas lojas.

Além dos treinamentos, focamos no relacionamento com todos os stakeholders, como fornecedores, clientes, colaboradores, gestores e diretoria, para garantir que tenham boas experiências e também tragam bons resultados para a empresa. Para isso, criamos um Conselho Consultivo que nos auxilia na estruturação dos projetos que desenvolvemos na empresa. Assim, conseguimos ser cada vez mais assertivos em nossas escolhas, pois aprendemos e utilizamos a expertise de profissionais do mercado que compõem o conselho.

Mesmo diante dos desafios impostos pela redução do poder de compra dos consumidores e das incertezas econômicas que estamos vivenciando atualmente, acredito que no varejo continuaremos buscando soluções criativas para enfrentar essas adversidades. Até o final deste ano será essencial mantermos um bom planejamento, com otimismo e perseverança, para que o nosso setor continue próspero e um importante gerador de emprego e renda para Mato Grosso.

Geraldo José Z. Prado é CEO da Casa Prado.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Shuttersrtock

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