Apesar da melhora nas vendas, o comércio varejista brasileiro já deixou de faturar R$ 286,4 bilhões em decorrência da crise provocada pela pandemia de coronavírus, calculou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A estimativa considera o volume que deixou de ser vendido pelo varejo ampliado – que inclui as atividades de veículos e material de construção – no período que se estende da segunda quinzena de março, quando a disseminação da covid-19 se agravou no País, até o fim de julho.
Diante do acesso de uma fatia considerável da população vulnerável ao auxílio emergencial distribuído pelo governo, do crescimento do comércio eletrônico e do início da flexibilização das medidas do isolamento social, o volume de perdas do comércio varejista tem diminuído. O prejuízo, que cresceu de R$ 39,3 bilhões em março para um pico de R$ 77,4 bilhões em abril, tem recuado desde maio (R$ 69,5 bilhões), descendo a R$ 54,6 bilhões em junho e R$ 45,6 bilhões em julho.
“O varejo não essencial, o mais afetado pela pandemia, continua de fato apontando perdas”, observou o economista Fabio Bentes, responsável pelo estudo na CNC.
A entidade melhorou suas projeções para as vendas do varejo em 2020 após a divulgação nesta quarta-feira, 12, dos dados de junho da Pesquisa Mensal de Comércio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As vendas cresceram 8,0% em junho ante maio. No varejo ampliado, o avanço foi de 12,6%.
Como resultado, a projeção da CNC para o varejo neste ano saiu de uma queda de 6,3% para um recuo de 4,7%, enquanto para o varejo ampliado a retração esperada foi amenizada de 9,2% para 6,9%.
“Os dados de junho reforçam a ideia de que o auxílio emergencial está surtindo efeito. A flexibilização do isolamento social também está ajudando o varejo a voltar ao patamar pré-pandemia”, justificou Bentes.
Em junho, o varejo restrito retornou ao patamar de vendas anterior ao agravamento da covid-19 no País, mas o bom desempenho foi sustentado por apenas três atividades, que já exibem patamares de vendas muito acima dos níveis de fevereiro, pré-pandemia: material de construção (as vendas estão 15,6% acima de fevereiro), móveis e eletrodomésticos (12,9%) e supermercados (8,9%).
Segundo Bentes, a mudança nos hábitos de consumo da população em tempos de pandemia explica a melhora em alguns segmentos em detrimento de outros.
“Tem mais alimento sendo consumido em casa do que fora de casa. As famílias também estão equipando suas casas. O isolamento social diminuiu, mas não voltou ao patamar pré-pandemia. As pessoas não precisam mais consumir tantos itens de vestuário, já que estão passando mais tempo em casa”, disse Bentes.
Apesar da surpresa positiva com a velocidade de recuperação do varejo, o economista da CNC, acredita que o desempenho permanecerá desigual nos próximos meses, sem uma reação mais contundente dos setores mais afetados pela crise da covid-19.
“Ainda não vamos poder dizer ao final deste ano que todo o varejo voltou ao patamar pré-pandemia. Veículos e vestuário ainda vão fechar o ano no vermelho. Até porque o governo não garantiu o auxílio emergencial até o fim do ano”, ponderou Fabio Bentes.
Com informações do portal Terra.
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