Pandemia mudou hábitos dos clientes e dos gestores das empresas

Juliana Azevedo, CEO da Procter & Gamble

Juliana Azevedo, CEO da Procter & Gamble

Os brasileiros sempre foram muito preocupados com a higiene, mas a pandemia de Covid-19 acentuou ainda mais esses cuidados. Em tempos de crise e de cortes de emprego e de renda, eles também passaram a dar mais valor a boas marcas com preços justos e adotaram, de vez, o drive-thru.

Além disso, os líderes das empresas foram desafiados não só a reposicionar o negócio, mas também a acolher e oferecer segurança aos colaboradores.

Essas mudanças foram alguns dos temas debatidos por empresários de diversas áreas do varejo num dos painéis desta segunda-feira (14), segundo dia do Global Retail Show 2020. O evento, 100% virtual, tem mais de 200 palestrantes de 15 países e vai até o sábado, dia 19 de setembro.

“Não há dúvidas de que o conceito de saúde e de higiene ganhou outra proporção na pandemia, apesar de o Brasil ser um país em que o consumidor que já era muito preocupado com essas questões”, diz a presidente da Procter & Gamble no Brasil, Juliana Azevedo.

Segundo ela, a beleza e a autoestima, que também sempre foram importantes para os consumidores daqui, continuaram em destaque. “Não é porque ficamos trabalhando em casa que ficamos relaxados; ficamos ‘ajeitadinhos’, cuidamos dos cabelos e, para isso, tivemos uma ajuda importante das marcas.”

Delivery e drive thru

Nas marcas da BFFC, holding que controla o Bob’s e a Yoggi e possui a Master Franquia da marca Doggis para o Brasil, as mudanças de comportamento também foram percebidas com intensidade. “O delivery já vinha crescendo, mas, na pandemia, o aumento foi de 100%”, afirma o CEO Ricardo Bomeny.

O fato de os consumidores terem de ficar em casa e pararem de se deslocar como estavam acostumados também fez com que o faturamento caísse muito, especialmente em abril e maio, nas mais de mil unidades dessas redes.

“Por outro lado, além do delivery, houve aumento do drive thru, que vimos não só no setor de alimentos, mas também em farmácias, bancos e shopping centers”, diz Bomeny, que também citou o aumento das compras sem contato, por aplicativos, demanda dos consumidores no quesito segurança.

Propósito e experiência

“Com o bolso mais apertado, o brasileiro redescobriu o valor de cada produto e cada serviço. As marcas deixaram de comunicar só a questão funcional dos produtos, mas também passaram a falar mais de propósito e de experiência”, diz Juliana Azevedo, da P&G.

Para ela, essa é uma tendência que deve continuar e deve ser seguida não só por grandes marcas, mas também pelas menores. “Questões como valores, respeito, inclusão, equidade, todas pautas pela empatia, são importantes tanto para empresas multibilionárias quanto para microempresas e profissionais liberais. A sociedade mudou e, se nós não mudarmos também, vamos ficar para trás.”

Para o CEO do Atacadão, José Roberto Meister Müssnich, a pandemia também destacou a importância de uma boa liderança em momentos de crise. “A liderança nunca foi tão testada e os gestores nunca precisaram dar tanto o exemplo quanto agora”, avalia.

A diretora de marketing do Aché, Eli Zabibon, concorda. “Cada vez mais é necessário desenvolver e preparar as lideranças, não para elas aprendam determinadas coisas, mas para que aprendam a reaprender.”

Imagem: Divulgação

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