O crédito consignado, com desconto em folha de pagamento, representou originação de R$ 300 milhões em operações no terceiro trimestre do Nubank, número ainda pequeno perto do emprestado pelo banco no período no crédito pessoal, que somou R$ 9 bilhões.
“O consignado está no começo”, disse o diretor financeiro do Nubank, Guilherme Lago. “A cada mês praticamente dobra a originação.” O Nubank começou a operar no crédito consignado em abril deste ano, em agosto começou no FGTS e só este mês passou a operar com portabilidade.
O lucro líquido, anunciado nesta terça-feira, 14, foi de US$ 303 milhões no terceiro trimestre de 2023, aumento de 39 vezes em relação ao mesmo período do ano passado, quando lucrou US$ 7,8 milhões, considerando os resultados da holding, que reúne as operações no Brasil e no exterior. O banco também reportou um lucro líquido ajustado de US$ 355,6 milhões, aumento de 463%.
O banco digital anunciou um retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês) de 21%, considerando o lucro líquido, e de 25% no resultado ajustado, ambos entre os maiores do sistema financeiro brasileiro – BTG Pactual tem indicador ajustado na casa dos 23% e Itaú e Banco do Brasil de 21%.
“Esse ROE coloca o Nubank entre as empresas mais rentáveis da América Latina”, disse o diretor financeiro da fintech ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).
Lago observa que o Nubank está alcançando níveis elevados de retorno e de lucratividade, superiores ao esperado pelo mercado, enquanto continua investindo no desenvolvimento de produtos, como o crédito consignado, que começou a operar este ano, e na expansão geográfica, com avanço dos negócios no México e na Colômbia. Além disso, tem US$ 2,3 bilhões em excesso de capital do que o mínimo exigido pelos reguladores.
O banco digital conseguiu conquistar mais 5,4 milhões de novos clientes no terceiro trimestre de 2023, e 18,7 milhões em um ano. Com isso, ultrapassou em outubro a marca de 90 milhões de clientes, dos quais 85 milhões no Brasil. “Isso já representa mais 50% da população adulta no Brasil”, disse Lago.
Com mais clientes e produtos, o Nubank teve receita recorde no trimestre de US$ 2,1 bilhões, aumento de 53% e quatro vezes maior do que era há dois anos. Indicador monitorado de perto nos bancos digitais, a receita média mensal por cliente ativo (ARPAC, na sigla em inglês) chegou pela primeira vez em dois dígitos, a US$ 10, crescimento de 18% em 12 meses. Ao mesmo tempo, o custo médio mensal de atendimento por cliente ativo ficou praticamente inalterado, em US$ 0,90.
Crédito e inadimplência
A taxa de inadimplência caiu para períodos mais curtos, entre 15 a 90 dias, fechando setembro em 4,2%, ante 4,1% ao final do segundo trimestre. Já para atrasos acima de 90 dias, subiu 0,2 ponto, para 6,1%. “A área de crédito ficou sob controle e dentro das expectativas”, afirma Lago.
“Vamos continuar crescendo no crédito de maneira forte, tanto em cartão como no crédito pessoal. Como resultado disso, a inadimplência pode até voltar a subir, mas isso será mais do que compensado pelo aumento das receitas que esperamos ter”, disse Lago. “Não estamos em negócio de minimizar inadimplência, estamos em negócio de maximizar resultado.”
A carteira de crédito chegou a mais de US$ 15 bilhões no final de setembro, dos quais 80% são cartão de crédito e o restante em crédito pessoal – ambas com expansão anual na casa dos 50%. “A gente praticamente dobrou a originação de crédito pessoal em 12 meses”, disse Lago, destacando que saiu de R$ 4,6 bilhões no terceiro trimestre de 2022 para quase R$ 9 bilhões no mesmo período de 2023.
Altamiro Silva Junior
Com informações de Estadão Conteúdo (Altamiro Silva Junior)
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