“Estamos passando por uma revolução subjetiva”, explica presidente da Santa Clara

Ulisses Zamboni, presidente Santa Clara 5

O Mercado & Consumo em Alerta reuniu um time de especialistas para falar sobre comportamentos de consumo nesta sexta-feira. No encontro virtual estavam Lourenço Bustani, sócio fundador da Mandalah; Karen Cavalcanti, sócia da Mosaiclab/GS&Inteligência; Gabriel Milanez, vice-presidente de Estratégia da BOX 1824 e Ulisses Zamboni, presidente da Santa Clara, que acredita no consumo ainda mais consciente no pós-crise, além de um arrefecimento das compras nos próximos dois anos.

Zamboni disse que a psicanalise entende o confinamento como “você fala menos e ouve mais”, ou seja, quando se ouve mais o ser humano desenvolve a capacidade de se ouvir mais também, logo esse comportamento gera ainda mais dúvidas na cabeça das pessoas. Segundo ele, a atual pandemia – crucial para a vida das pessoas – está despertando uma revolução subjetiva na população, diferente da revolução objetiva, que trouxe o uso da internet como facilitadora de compras, por exemplo.

“O medo e a insegurança foi o que assolou metade do globo nos últimos 60 dias. Nosso padrão de comportamento está se modificando dentro dessa revolução subjetiva e o nosso modelo mental está sofrendo essa alteração também. É uma mudança profunda e que pode ser considerada a um trauma, uma vez que ela gera angustia e ansiedade”, contou o executivo.

Questionado sobre o que vai acontecer depois da Covid-19, Ulisses Zamboni acredita que vai haver uma grande depressão social no sentido das pessoas se perguntarem o quão frágil elas são, e isso, na opinião do especialista, é positivo, porque as pessoas terão medo do total imprevisível. “O ser humano terá mais cautela, consciência, proteção e mais desejo por inovação. As pessoas querem que a inovação antecipe o futuro”, explicou.

Ainda nessa linha, ele acredita que as compras serão mais racionalizadas do ponto de vista de racionar e o consumo por impulso pode diminuir. Outro ponto trazido por Zamboni está relacionado ao pós-venda, que terá a mesma importância das vendas, uma vez que as pessoas estão carentes de suporte e conforto. A personalização de oferta também é um caminho de atenção. “As marcas que conseguirem alcançar o indivíduo são aquelas que irão crescer e alcançar ainda mais sucesso”, alertou.

Para finalizar, Ulisses lembrou que estamos atravessados por uma narrativa subjetiva. “Se tivermos que olhar para um lado de luz dessa pandemia, ele está no sentido de que as pessoas conseguiram enxergar a revolução da subjetividade humana, uma oportunidade importante para as marcas ofertarem valor para a sociedade.”

* Imagem reprodução

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