Para sócio fundador da Mandalah, é preciso repensar as relações com o consumo

Lourenço Bustani, cofundador da Mandalah

“Essa é a minha primeira pandemia nessas proporções e isso me faz perceber o quanto eu não estou 100% apto”. Foi com essa declaração que Lourenço Bustani, sócio fundador da Mandalah, consultoria global em inovação consciente, deu início a sua participação no webinar da Gouvêa de Souza, transmitido nesta manhã. Com ele estavam Ulisses Zamboni, presidente da Santa Clara; Karen Cavalcanti, sócia da Mosaiclab/GS&Inteligência; e Gabriel Milanez, vice-presidente de Estratégia da BOX 1824.

O executivo disse que as pessoas estão  navegando nessa pandemia de maneiras diferentes porque estão vivendo a crise também de forma diferente, por isso é natural a exposição de padrões de consumo divergentes – comportamentos que vão desde de compras exageradas e sem necessidade até o pensamento consciente daquilo que realmente deve ser consumido. Ele explica que as mudanças são proporcionais ao trauma que as pessoas vivem e é neste processo que ocorre a autocritica do comportamento.

Bustani explica ainda que o presente precisa ser pensado e não o futuro, pois não sabemos como serão os próximos dias. “Toda nossa energia deveria estar canalizada em olhar exclusivamente para o presente e, a partir disso, sairmos com possíveis aprendizados para o futuro. Não existe pós-trauma se o trauma ainda não passou”, lembrou.

Durante sua fala, o sócio fundador da Mandalah trouxe o tema ‘propósito’ para o debate. Ele lembrou que a crise global, em 2008, tornou essa palavra o mainstream da época, mas hoje a aplicabilidade disso deve ser diferente. “É muito difícil viver o significado de propósito. Entender como aquela frase linda estampada na parede pode ser aplicada, de fato, no dia a dia das empresas e produtos é um desafio atual e que precisa ser pensado e colado em prática”, disse. Ele lembrou ainda que propósito é um objetivo mais elevado, que vai além do lucro e indica o impacto positivo que uma organização gera no mundo.

O marketing de demanda social foi outro ponto destacado pelo especialista. Para ele, esse assunto deveria ser a regra e não algo passageiro num contexto de emergência. À medida que as empresas conseguem entender o que a sociedade precisa, naturalmente haverá preferência e lealdade para aquela marca, e isso é o que gera lucro. “Produtos e serviços devem ser colocados de lado e entender o que resta para ser trabalhado”, alertou.

Questionado sobre a saúde mental no contexto empresarial, Lourenço disse que as pessoas não falam muito sobre esse tema porque ainda o consideram tabu. “Talvez essa crise possa despertar nas pessoas um legado interessante, de poder falar mais abertamente sobre esse tema especificamente e, com isso, prover ajuda para quem precisa”, finalizou.

* Imagem reprodução

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