Como a crise e a omnicanalidade interferem no mix dos shoppings?

Por Marcos Hirai*

Está em curso nos shopping centers brasileiros uma revolução silenciosa. O mix de lojas começa a sofrer alterações relevantes com reflexos na configuração destes equipamentos.

O primeiro fator relevante é o momento econômico. Varejistas alavancados, franqueados descapitalizados, lojas de setores mais fortemente afetadas pela crise simplesmente estão padecendo originando uma seleção natural. Marcas até então consagradas, líderes de mercado e relevantes, perderam o seu brilho e talvez de forma irreversível, perdem seu protagonismo, abrindo perspectivas para novos entrantes ou redes intermediárias. Aqui também se enquadram redes de varejo internacionais, que em alguns casos recentes, abandonaram o país, incapazes de manterem suas atividades pelo custo Brasil. É importante ressaltar porém, que empresas que souberam se aprimorar nos momentos pujantes, investindo em gestão, pessoas, produtos de qualidade e tecnologia mas sem se endividarem, hoje estão mantendo suas operações sem sufocos.

O segundo fator é a influência do omnichannel nas lojas físicas. Setores inteiros estão sofrendo ao dividir suas vendas entre as lojas físicas e as vendas pela internet e mobile. Duas transformações decorrentes: a redução do espaço físico de lojas como livrarias, eletroeletrônicos, materiais esportivos, vestuário, decoração e cosméticos são as mais atingidas. Ao mesmo tempo, a tecnologia também pode apoiar os varejistas a reduzirem seus custos, na medida em que, ao levar o e-commerce para as lojas físicas, o espaço físico dos estoques diminui drasticamente, assim como os valores de investimentos e a redução do espaço físico.

O terceiro fator trata dos hábitos sociais. A sociedade muda no decorrer do tempo e desta forma, conveniência, novas tecnologias e uma moda podem influenciar nos modelos de loja. Comida fora de casa, comida pronta, manicure, acessórios de celulares, produtos importados,  comidinhas da moda, galeria de arte e de fotos, lojas de chá, produtos naturais, são alguns exemplos.

O quarto fator é o quadro resultante do momento econômico, que gerou uma vacância de lojas muito alta, sobretudo nos shoppings mais novos. Para isto, muitos deles estão “saindo da caixa” e pensando formas alternativas de ocupar estes espaços. Entretenimento, serviços médicos e exames ambulatoriais, escolas, feiras livres, espaços de coworkings, poupatempos são alguns exemplos de novos lojistas de shoppings.

Mudanças são bem vindas, pois isto mostra quão os shopping centers são ambientes dinâmicos e vivos.  Dentro do conceito de ser um hub social, estes centros comerciais estão se adaptando para serem cada vez mais um ambiente antenado, agradável e dinâmico, onde o cliente sempre encontrará novidades em lugares que são quase uma extensão da sua casa. O shopping mostra que sabe se reinventar e assim, mantém a sua força.

*Marcos Hirai (marcos.hirai@bgeh.com.br) é sócio-diretor da GS&BGH Retail Real Estate

Sair da versão mobile