O trabalhador do futuro terá menos afazeres e mais tempo para a família. Essas e outras tendências foram debatidas no painel “O futuro do trabalho”, realizado nesta segunda-feira (15) na Campus Party Brasil, que começou na semana passada de forma híbrida – parte presencial, parte online.
“Vamos chegar em um momento no qual as máquinas vão substituir os humanos em quase tudo, incluindo no trabalho. Com isso, teremos mais tempo de estarmos com nossas famílias e tudo vai mudar. Não sei quanto tempo vai levar para isso, mas para mim é uma tendência”, disse Tonico Novaes, CEO da Campus Party Brasil.
O presidente do Instituto Campus Party, Francesco Farruggia, destacou o papel da pandemia de covid-19 na transformação desse cenário. “A pandemia foi terrível em muitos aspectos. Mas, por outro lado, acelerou processos que estavam engatinhando, como o home office e demais trabalhos digitais, que se tornaram positivos e muito lucrativos para empresas e profissionais”, afirmou.
Ele complementou: “Estamos de frente a uma mudança na cultura do trabalho, na qual temos menos carga de afazeres, menos tempo gasto com nossos ofícios profissionais e salários mais altos. Teremos que aprender a lidar com a culpa de trabalhar menos. E saber que teremos mais qualidade de vida.”
Para Farruggia, a economia tradicional deu espaço, de vez, para uma economia digital. Mas, apesar de a tecnologia substituir a força humana física em alguns casos, o pensamento permanece “fundamental e insubstituível”. “As máquinas, em certos ofícios, trabalham mais rápido e com menos gasto de tempo e financeiro que os humanos. Contudo, somente os seres humanos são capazes de criar, inovar e programar as máquinas. Nós ditamos as regras”, disse.
Aceleração da transformação
A secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Paulo, Aline Cardoso, também participou do painel “O futuro do trabalho”. Ela concordou que, apesar dos imensos problemas, a pandemia trouxe benefícios indiretos. “A aceleração dos processos de transformação e o mergulho em certas tecnologias e ferramentas são consideráveis.”
Da mesma forma, Aline destacou a importância do componente humano no mercado de trabalho. “Estamos chegando em um momento no mundo em que o mais importante não é ter as respostas, mas sim saber fazer as perguntas certas. Precisamos de profissionais que saibam fazer as perguntas e, a partir daí, criar e fazer as coisas diferentes. A tecnologia está aqui nos ajudar a formular as perguntas e nos ajudar a compor o caminho que deveremos trilhar até chegarmos as respostas que desejamos.”
Aline Cardoso chamou a atenção, ainda, para a falta de profissionais para algumas funções no mercado de trabalho do futuro. “São 70 mil vagas que sobram por ano porque faltam pessoas qualificadas na área. As empresas perdem R$ 200 bilhões por ano por falta desses profissionais”, afirmou.
Francesco Farruggia concordou. “Hoje vivemos um paradoxo no qual temos um boom tecnológico, mas sem profissionais capacitados para exercer funções na área. Por isso, creio que a chave para o sucesso profissional do futuro está na sua capacidade de investir em si mesmo, na sua capacitação. E, ainda, saber ‘se vender’ para o mercado e empreender em diversas frentes.”
A Campus Party Brasil é realizada pelo Instituto Campus Party e pela Gouvêa Experience, área de eventos da Gouvêa Ecosystem. A Mercado&Consumo é parceira de mídia do evento.
Imagem: Shutterstock