Abalado pela pandemia de Covid-19 e todos os seus impactos sociais e econômicos – para não citar na área da saúde -, o mundo termina 2020 e começa 2021 com boas perspectivas, afirma o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale. Ele foi um dos participantes do webinar “Retail Trends – Admirável Mundo Novo”, promovido pela Gouvêa Experience e cuja primeira etapa foi realizada nesta terça-feira (15). O evento contou com cobertura completa da Mercado&Consumo.
Megale vê com otimismo também a situação específica do Brasil. “As commodities agrícolas, como o petróleo e o minério de ferro, tiveram os preços fortemente ajustados para cima. Sempre que o mundo vai bem, especialmente liderado pela China, e os preços das commodities sobem, a América Latina se beneficia. Além disso, estamos em um momento em que outras grandes economias, como os Estados Unidos e os países da Europa, dão sinais de recuperação, com grande liquidez e taxas de juros baixas.”
Para Caio Megale, tudo isso faz o ambiente de 2021 “promissor”. Ele cita, ainda, o resultado das eleições nos EUA como outro ponto favorável. “Os EUA terão um presidente mais pragmático e menos ruidoso quando se fala em relações internacionais”, diz, referindo-se ao democrata Joe Biden, que vai ocupar o lugar atual do republicano Donald Trump.
O economista-chefe da XP Investimentos destaca, no entanto, que alguns setores, como o de serviços, ainda enfrentam muitas dificuldades no Brasil. “É o que tem tido o crescimento mais fraco, porque depende muito da circulação de pessoas”, afirma, citando também o desempenho ainda negativo do setor de eventos, feiras e turismo. Megale admite tambén que uma segunda onda de Covid-19 é um risco.
Apesar disso, para o economista, o Brasil tem se beneficiado de dados positivos relacionados à manutenção do emprego e da renda – nesse caso, por causa do auxílio emergencial concedido pelo governo federal. “Passamos muitos meses com a renda significativamente acima do normal.”
Com o fim dos auxílios, esse desempenho tende a cair. Mas, para Caio Megale, isso não significa que o governo deveria continuar gastando com esses programas. “Os gastos da pandemia foram importantes, mas torná-los permanente é muito arriscado. Se o Brasil não sinalizar um controle fiscal, isso pode significar juros altos e pressão inflacionária, o que vai acabar afetando a recuperação e o emprego. A consequência social pode ser pior”, avalia.
O melhor caminho, diz o especialista, é por meio das reformas estruturais que o Brasil vem adiando há décadas. “O Brasil precisa mostrar ao mundo que a recuperação vai ser calcada no desenvolvimento de longo prazo”, avalia.
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