Dispersão que gera resultados: os novos padrões de trabalho

Empresas distribuídas rompem paradigmas para viver a transformação digital e criar novos modelos de negócio

Empresas: Dispersão que gera resultados: os novos padrões de trabalho

É fato indiscutível que a pandemia mudou o mundo em diversos aspectos. No ambiente corporativo, por exemplo, a tecnologia potencializou seu protagonismo. Mas esse cenário já era previsto. A diferença foi apenas a velocidade da implantação das mudanças. Agora, o que mudou de forma ampla, abrupta e até inesperada foi a cultura organizacional das empresas e os modelos de entrega de produtos e serviços.

Dentro das empresas, da noite para o dia, as roupas sociais deram lugar aos pijamas; o escritório lotado foi substituído pelo home office; o “pessoalmente” se transformou em “remotamente”. Porém, as mudanças não se esgotaram da porta para dentro. O contato com os clientes e o conceito de entrega também foram severamente impactados.

Estamos falando, portanto, de duas frentes de ruptura. A interna, entre os colaboradores, já conhecida por todos e muito falada desde o início da pandemia. E a “mudança externa”, na forma pela qual as empresas se relacionam com os clientes na entrega de produtos e serviços: é o que chamamos de empresas distribuídas.

Em um artigo intitulado “5 Impactful Technologies From the Gartner Emerging Technologies and Trends Impact Radar for 2022”, o Gartner apresentou as principais tendências estratégicas de tecnologia que as organizações devem explorar em 2022. David Groombridge, vice-presidente de pesquisa do Gartner, disse que os CIOs devem encontrar soluções que multipliquem a força dos recursos de TI para permitir o crescimento e a inovação. Entre as tendências estratégicas citadas pelo executivo está, por exemplo, a Empresa Distribuída.

Segundo Groombridge, “com o aumento dos padrões de trabalho remotos e híbridos, as organizações tradicionais centradas em escritórios estão evoluindo para empreendimentos distribuídos, compostos por trabalhadores geograficamente dispersos”.

Com essa tendência, o Gartner espera que, até 2023, 75% das organizações que exploram benefícios de empresas distribuídas cresçam 25% mais rápido que os concorrentes: “Para cada empresa, do varejo à educação, o modelo de entrega tem que ser reconfigurado para abraçar os serviços distribuídos. O mundo não achava que eles estariam experimentando roupas em um camarim digital há dois anos. Com esse cenário, os CIOs precisam fazer grandes mudanças técnicas e de serviços para oferecer experiências de trabalho sem atrito, mas há um outro lado dessa moeda: o impacto nos modelos de negócios”, diz Groombridge.

Com essa realidade, em que colaboradores estão geograficamente dispersos pelo trabalho remoto e na qual os padrões de entrega foram digitalizados, os modelos de gestão de pessoas e de negócios são ressignificados.

Em uma empresa do varejo, por exemplo, a realidade da venda precisa ser repensada. As alterações vão da gestão da equipe tecnologia, que trabalha remotamente em diversas regiões do Brasil e do mundo, até o passo a passo da venda, que começa pela experiência do usuário, ao entrar na plataforma, e continua “eternamente” para a fidelização do cliente. Percebam que a venda não termina na entrega do produto, em uma loja física. O usuário precisa ficar, experienciar, interagir, comprar, engajar, indicar, criar laços, compartilhar, voltar, (re)experienciar e comprar outras vezes. E todas essas ações pressupõem o trabalho de uma equipe remota, que está em diferentes partes do planeta. O cliente também está em diferentes partes, por enquanto, do mesmo planeta.

Estar geograficamente disperso não pode significar um distanciamento da realidade e dos objetivos da empresa. Da mesma forma, não pode significar um afastamento da experiência do cliente. Estes são desafios que, na leitura deste artigo, podem parecer simples. Porém, no cotidiano das corporações, estão cada vez mais desafiando os modelos de gestão e de negócios.

As mudanças não vão parar. Estamos vivenciando o que o físico e historiador Thomas Khun, no livro “A estrutura das revoluções científicas”, chamou de ruptura de paradigma. Segundo Khun, após a ruptura vem um período de transição, completamente sem forma, que, por meio de novas mudanças, ao longo da história, forma um novo paradigma.

Os padrões foram rompidos. A transição está ocorrendo com uma série de mudanças. Quais serão os novos paradigmas? Ainda é cedo para dizer. Por enquanto, em relação às tendências estratégicas de tecnologia, algo é certo: a empresa do futuro não está mais em um lugar; está em todos, distribuída.

Renata von Anckën​ é VP de Marketing & Sales​ da Truppe!
Imagem: Shutterstock

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