Guerras comerciais poderão desacelerar economia americana em 2019

O cenário econômico dos Estados Unidos e o futuro do varejo foram temas do painel “Impacto em escala: Liderança em tempos econômicos prósperos, porém incertos” na NRF Retail’s Big Show. Fizeram parte da conversa: Janet L. Yellen, ex-presidente do conselho de administração do Federal Reserve System e Kara Swisher, colaboradora do New York Times, co-fundadora, apresentadora e editora do Recode Decode podcast. O moderador foi Steve Liesman, editor sênior de economia da CNBC.

Liesman perguntou a Janet porque o mercado de ações parece estar prevendo uma recessão em meio a indicadores macroeconômicos geralmente positivos. “Os dados concretos parecem sugerir uma situação saudável”, disse ela, citando um crescimento de 3% nos gastos dos consumidores norte-americanos no ano passado e 26 milhões de empregos criados, além do recente corte nos impostos e da queda nos preços da gasolina.

De acordo com a especialista, uma razão para o pessimismo do mercado é que, embora 2018 tenha sido um ano muito bom, os sinais são de que 2019 provavelmente será de desaceleração. “Os mercados estão focados no risco de queda”, afirmou Janet, que completou: “Onde os ativos estavam com preços altos, eles agora podem cair.” Há ainda algumas áreas de preocupação macroeconômica: China, Europa e as atuais tensões comerciais. “Nós ouvimos que algumas empresas estão planejando colocar alguns de seus planos de investimento em espera.”

Kara contou que a atual situação da Apple tem sido um choque para a maioria das pessoas, pois a companhia era vista como uma “empresa de ouro” há muito tempo. Se há uma fraqueza lá, há também em outros lugares. As razões que Apple deu para seu baixo desempenho, como o resultado inferior na China, tarifas e a guerra comercial, afetam todo o setor de tecnologia.

Para Kara, o problema é global. “Você verá um número crescente de problemas, incluindo problemas na área de tecnologia, que teve um ano terrível em 2018. Ela tem sido a líder de mercado, então quem vai liderar? Não tem havido um IPO realmente interessante para sair do Vale do Silício há algum tempo”, afirmou.

Outro tópico abordado foi quem será o novo líder em tecnologia de varejo. Liesman observou que Kara havia feito críticas à Amazon. “Se você não reage ao que ela está fazendo e aos fossos que constrói em torno de seus negócios – em termos de dados, preço, atendimento ao cliente, entrega – você está com problemas, porque eles definem as regras. Os mais jovens, especialmente, se acostumaram a fazer compras dessa maneira. Mais uma vez, se você não está sintonizado com isso, você está com muitos problemas”, ela explicou.

Os participantes levantaram outros exemplos de inovação, como o Alibaba, que está agindo em relação à digitalização de lojas físicas, rastreamento de dados e entrega de consumidores.

Liesman pediu a Kara para imaginar o ambiente de varejo do futuro: “Teremos uma sociedade do delivery, em que o comércio online e os dados serão os fatores mais importantes”. Algumas das coisas que acontecem na China com o reconhecimento facial são um pouco perturbadoras, ela observou, e provavelmente fariam sucesso nos Estados Unidos. “Mas teremos que ser criativos. Teremos que construir um relacionamento de dados com o cliente.”

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RETAIL TRENDS PÓS NRF 2019

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