A importância da NR-1 para as mulheres no mundo corporativo

De acordo com dados recentes do Ministério da Previdência, 64% dos afastamentos por transtornos mentais foram solicitados por mulheres. Isso reflete o peso da responsabilidade dos cuidados que, culturalmente, carregamos, nos sobrecarregando emocionalmente e abrindo espaço para quadros de ansiedade, depressão e síndrome de burnout.

Um dos fatores por trás disso é que mulheres relatam precisar mostrar muito mais resultados no mundo corporativo, enfrentando desafios distintos para o desenvolvimento profissional. Temos menos acesso aos desafios estratégicos e, para promover inovações dentro das corporações, precisamos redobrar nossos argumentos. Essa luta constante é exaustiva, mas nossa força demonstra nosso potencial.

Nesse contexto, acredito no impacto positivo da NR-1 (diretriz do Ministério do Trabalho que estabelece regras gerais sobre segurança e saúde no trabalho, incluindo riscos psicossociais) de transformar empresas, especialmente ao considerar políticas voltadas para as mulheres. Apesar disso, há obstáculos: enfrentamos tanto aproveitadores, que vendem certificados falsos por R$ 29,90 nas redes sociais, quanto visões preconceituosas, que enxergam a norma como motivo para preferir a contratação de homens.

No entanto, é importante destacar que a diversidade traz benefícios aos negócios. Um estudo da Deloitte, “Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações 2023“, comprova isso:

Para o varejo, que já enfrenta desafios na contratação de pessoas devido à concorrência com profissões como motoristas de aplicativos e criadores de conteúdo digital, engajar os colaboradores atuais e fortalecer sua reputação junto às comunidades nunca foi tão urgente. Empresas sérias podem promover mudanças criativas e ousadas, transformando não apenas o ambiente corporativo, mas também sua comunidade.

A NR-1 ganha ainda mais relevância quando consideramos que a maior parte da força de trabalho no varejo é composta por mulheres, reforçando sua importância para elevar o patamar das empresas por meio da capacitação.

Além disso, a preparação de líderes será essencial nesta fase, considerando que a falta de apoio da liderança é um risco psicossocial contemplado pela NR-1. Em vez de enxergar a norma como um impedimento, podemos pensar de forma inovadora, realizando conversas inteligentes e maduras com as equipes, ouvindo ativamente e analisando os problemas internos de maneira adulta.

Será que seus líderes estão realmente preparados? Ou será necessário capacitá-los, especialmente para gerir pessoas e entregar resultados?

Reconheço que, para os empresários, cumprir tantas regras em um momento de desafios econômicos é desafiador. Mas, trabalhando juntos, podemos construir corporações saudáveis e sustentáveis. E, você? Vai promover mudanças ou prefere comprar o certificado de R$ 29,90?

Sandra Takata é presidente do Instituto Mulheres do Varejo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

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