Quando testemunhamos a profunda transformação no consumo que estamos passando, enxergamos diversas oportunidades das marcas e do varejo se reinventarem. O desenvolvimento de novos canais e pontos de contato nunca esteve tão necessário, amplo e diverso.
Marcas indo ao varejo não é novidade. A necessidade de falar diretamente com o consumidor também não. Criar uma loja física ou um e-commerce como canais independentes já não alcançam os resultados esperado quando comparado aos benefícios de executar uma estratégia integrada entre os canais. Devemos usar o melhor do mundo físico com o melhor do digital em benefício do nosso cliente.
Se essas são condições básicas do novo mercado, por que não conseguimos enxergar abordagens eficientes e integradas com mais frequência no nosso mercado?
Por que ainda encontramos a indústria de doces e guloseimas disputando o balcão do caixa da padaria como se fosse ainda a última fronteira de consumo por impulso?
Por que ainda nos deparamos com indústrias de calçados perdendo oportunidades de contato direto com o consumidor em função do baixo foco que as multimarcas dão às iniciativas da marca?
Até quando veremos o paredão de pasta de dentes, com baixíssima diferenciação entre as marcas, nas prateleiras de supermercados?
Por que ainda marcas de produtos lácteos gastam milhões de reais em GRPs no domingo à tarde na maior emissora de TV do país em uma clara estratégia de comunicação dos anos 80?
A resposta para essas e outras perguntas que martelam a minha cabeça, passa necessariamente pelas estruturas das empresas e a cabeça de seus executivos. Muitos ainda estão presos a modelos antigos, a padrões de resposta de quatro décadas atrás e a lentidão que a cultura das empresas impõe nesse processo.
Não posso generalizar, claro que existem bons exemplos. Mas o que fica cada vez mais evidente é que muitos executivos se frustram por ter acesso à informação, a cases inspiradores, a relatórios incríveis do Google, a palestras de omnichannel, mas são vencidos pela “Síndrome de Gabriela” da empresa – “Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim”.
Não por acaso, startups nascem com outro “mindset”, com a agilidade necessária, com o desprendimento que o novo mercado exige e acabam roubando espaço de marcas centenárias.
Beber dessa fonte é um caminho sem volta. Provocar a transformação de suas estruturas é necessário. Conseguir colocar esse pensamento em funcionamento é o grande desafio. Não é à toa que as empresas que hoje se destacam estão encubando startups, apoiando o desenvolvimento de soluções para seus negócios e estimulando o pensamento inovador, bancando essa aposta.
Que fique claro que o balcão da padaria continuará importante, que a gôndola de supermercado ainda terá sua função, que a TV ainda tem um papel a cumprir, mas tudo dentro de um novo contexto e forma de abordagem e sempre apoiada em novos canais de contato ao consumidor e de acesso a seus produtos.
Sei que muitos irão se identificar com essa situação, outros não darão o braço a torcer e alguns já estão em outro momento.
Seja o que for, por favor, movimente-se! Sua marca, seu negócio e você mesmo só têm a se beneficiar. Seu consumidor já está fazendo isso.
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