O petróleo voltou a registrar forte alta, na última sexta-feira, 13, com os temores de que a guerra entre Israel e o grupo Hamas, na Palestina, possa desestabilizar o Oriente Médio e prejudicar o abastecimento global.
Os contratos futuros de petróleo Brent, referência internacional, com vencimento em dezembro, subiam 4,2%, a US$ 89,55 por barril na sexta-feira. Embora Israel e Palestina não sejam produtores, a possível entrada do Irã no conflito faria o preço do petróleo disparar.
Para Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), por também ser exportador de petróleo, o Brasil consegue controlar os preços internamente até os US$ 100.
“O Brasil não está tão mal diante do aumento de preço do petróleo. Enquanto nas décadas de 70 e 80, a gente importava até 85% do consumo, hoje somos exportadores e esse é o principal item que dá saldo na balança comercial brasileira. Além disso, quando o preço do petróleo aumenta, os royalties crescem. Esse é o lado bom. O lado ruim é que, se o preço subir muito, vamos ser obrigados a aumentar o preço do combustível, o que aumentaria a inflação”, analisa.
Outro ponto que deve segurar o aumento nos preços dos barris de petróleo, segundo Pires, são os juros norte-americanos. “O governo norte-americano aumentou a taxa de juros para conter a inflação. Juros altos significam petróleo barato porque tiram crescimento econômico. E sem crescimento econômico, não tem consumo de petróleo”, diz.
Isso aconteceu no chamado segundo choque de petróleo mundial, em 1979, com a paralisação da produção iraniana, em consequência da revolução islâmica, que fez os preços dispararem. “Na época, os Estados Unidos aumentaram muito a taxa de juros, que fez com que o preço do barril caísse”, lembra.
O caminho da transição energética
Adriano Pires será um dos participantes do “Utalks: O futuro da indústria e a transição energética”, que será realizado em 26 de outubro, das 16h às 21h, em São Paulo. O evento é realizado pela Ultragaz, em parceria com a Mercado&Consumo.
Com mediação da editora-chefe da Mercado&Consumo, Aiana Freitas, Pires vai participar do painel que vai debater como as empresas que adotam a transição energética podem melhorar sua imagem pública, atrair investidores socialmente responsáveis e atender às crescentes expectativas dos consumidores em relação à sustentabilidade.
Aurélio Ferreira, diretor de Marketing e Experiência da Ultragaz; Rodrigo Favetta, CFO do Pacto Global da ONU no Brasil; e Jefferson Meneghel, gerente de Energia e Serviços Industriais da Nestlé Brasil, também participam da mesa.
“Eu não acredito que essa crise vá influenciar na transição energética. E acho que o mundo tem um certo exagero e muita pressa em fazer a transição. Não acredito em uma transição energética de sucesso onde não se consuma combustíveis fósseis. Não dá para ser assim”, diz Pires.
Em outro painel, Zeina Latif, sócia-diretora da Gibraltar Consulting; Paulo Gala, professor de economia na FGV-SP e economista-chefe do Banco Master; e Daniel Baring, diretor empresarial da Ultragaz, vão abordar como a indústria tem avançado nos últimos anos na busca de práticas sustentáveis e quais os principais desafios que o Brasil enfrenta para o progresso rápido da transição energética.
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