Com o poder de compra comprometido pelas dívidas e gastos essenciais, nem mesmo as promoções da Semana do Consumidor devem animar os brasileiros a gastarem. Um levantamento realizado pela proScore, bureau de crédito e authority de Score, aponta que 76% não tinham capacidade de consumo para assumir novos compromissos financeiros no primeiro trimestre de 2022.
Embora esse índice tenha melhorado frente aos 86% de 2021, quando atingiu o menor percentual de liquidez dos últimos quatro anos, ele ainda é considerado muito alto, como explica Mellissa Penteado, CEO da proScore.
“Esse percentual significa que ainda temos um longo caminho a percorrer frente a todos os esforços da retomada econômica. Muitas lacunas monetárias como a falta de emprego e geração de renda e o aumento dos preços em diversos segmentos ao longo desses últimos 24 meses, infelizmente seguirão penalizando a circulação do dinheiro em si e comprometendo o poder de compra da população”, analisa.
Aumento do grau de endividamento
Outro índice apurado no estudo é o fator de endividamento potencial relativo, que demonstra uma tendência crescente de concentração do ticket médio de dívidas em relação a geração de renda recorrente.
Entre 2019 e 2020, momento pré e início da pandemia, esse fator indicava leve estabilidade. Em 2021 houve um salto significativo de 28%, reforçado no levantamento de 2022.
Os números relevam o potencial da liquidez do brasileiro e o comportamento do seu grau de endividamento, que vem aumentando muito como reflexo da pandemia, mesmo sustentado por auxílios governamentais emergenciais.
“Exemplo disso é que na amostra modelada comparativamente nos dois últimos períodos, 17% dos consumidores que estavam sem potencial de liquidez em 2021 reduziram sua concentração de endividamento em 2022, enquanto 6% aumentaram esse mesmo índice”, afirma.
Consumo x poder de compra
Mellissa destaca que o poder de compra do consumidor, mesmo que estimulado por promoções, está tão limitado que a prioridade nesse momento é sobreviver. Em outros termos, manter a moradia, a alimentação, a saúde e o transporte ao emprego.
“Ou seja, por mais que essa data comercial queira celebrar uma possibilidade de reaquecimento econômico, do outro lado o consumidor em si, homenageado da vez, não é o protagonista. Ao menos não por querer e sim por não poder”, diz.
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