Serviços e soluções em plataformas financeiras plug in para o varejo podem transformar o futuro do setor

Momentum nº 1.111

Serviços e soluções em plataformas financeiras plug in para o varejo podem transformar o futuro do setor

Na realidade presente e futura quando o omniconsumidor global gastará mais com serviços e soluções do que com a aquisição de produtos, tornou-se crucial para o varejo mais ou menos tradicional encontrar alternativas para ampliar sua oferta nessas áreas sob risco de, não fazendo, reduzir sua participação de mercado e inibir seu crescimento.

O que acontece com os ecossistemas de negócios na China envolvendo Alibaba, Tencent e outros com o We Pay e Ali Pay e suas diversificações é apenas o exemplo mais desenvolvido desse modelo. Que de alguma forma é seguido por Amazon, Tesco, Walmart e Mercado Livre. Ou em outra dimensão por Carrefour, Magalu, Casas Bahia, Riachuelo ou Renner por aqui. Com banco próprio ou plataforma financeira plug in.

É preciso lembrar que quanto mais desenvolvida uma sociedade, maior parcela de seu PIB está concentrada em serviços. Na média de algumas das economias mais desenvolvidas esse patamar é próximo de 78%. No Brasil estamos na faixa dos 70%.

Mas quando pensamos nos serviços e soluções por aqui de forma geral é importante destacar que a parcela com maior e melhor desempenho é aquela representada pelos serviços financeiros, não por acaso o setor mais vibrante da economia.

É importante que se reconheça e valorize a capacidade inovadora do setor, o que faz com que o Brasil seja benchmarking global na área. Está aí o Pix como exemplo dessa capacidade de inovar, implantar, controlar e expandir. Tornou-se referência global e continuará a evoluir com novidades como o Pix NFC, o Pix automático e o Pix crédito.

Mas existe uma gama extensa de serviços e soluções financeiras que podem ser integradas através de plataformas plug in com os negócios de varejo de forma ampla incluindo também foodservice, franquias, centrais de negócios, shopping centers, centros comerciais, e-commerce e até mesmo marcas e fornecedores em sua vertente DTC – atuação direta com o consumidor.

Isso permite que os ativos tangíveis e intangíveis dessas empresas possam ser potencializados gerando melhores resultados, fidelidade, proximidade e novos negócios, em especial através de novos serviços sendo embarcados.

Algumas das corporações varejistas globais que se destacaram foram aquelas que integraram plataformas de serviços financeiros, com bancos próprios ou integrados, e puderam expandir sua atuação e relacionamentos, desenvolvendo novos modelos de negócios, atividades e potencializando sua relação, conhecimento e conexão com seus clientes.

Alguns exemplos importantes aconteceram na América Latina, no Chile, no México e no Brasil. Em muitos casos, em opções com operações bancárias próprias ou integradas, como temos por aqui.

Mas uma nova geração de possibilidades está disponível através de plataformas plug in que são “white label” e permitem ampliar alternativas para empresa e grupos de médio porte ou mesmo de forma integrada, como nas franquias ou centrais de negócios.

Exemplos reais já acontecem com empresas de médio ou grande porte promovendo conta digital, cartão private label, empréstimos e seguros para clientes. É o que pode ser caracterizado também como “embedded finance” ou finanças embarcadas, pois considera-se que o varejista tem um conhecimento muito mais profundo de seus clientes do que um banco tradicional, podendo ampliar a bancarização e inclusão financeira de forma muito mais efetiva.

Sua oferta pode incluir conta digital, meios de pagamentos, fidelidade, Pix, boletos, crédito, adquirência, emissão de cartões como private label ou multibenefícios, prevenção à fraude e muito mais. E as diferentes plataformas estão expandindo sua oferta e facilidade de integração com toda a cadeia de valor das empresas do setor.

Se pensarmos num negócio de varejo, isso inclui seus fornecedores de produtos e prestadores dos mais variados serviços, seus funcionários, canais de vendas e de distribuição e em especial seus clientes finais. É o conceito de “banco as a service” com a marca do operador varejista, franquia, central de negócio, shopping, centro comercial ou foodservice. Ou o que mais possamos considerar, pois estamos no início do ciclo de vida desse conceito.

Evolução como solução de mercado

Dentre os elementos positivos dessas alternativas está o processo de desconcentração em serviços financeiros pela via de mercado e sem o peso da intervenção do Estado, fato sempre bem-vindo.

Vale lembrar que em 2021, os cinco maiores bancos do país detinham 81,4% das operações de crédito, processo que vem gradativamente regredindo pelo avanço das operações digitais e cooperativas.

Sob o ponto de vista do consumo e do consumidor, a ampliação de alternativas representa uma disputa pela melhoria do nível de serviços e atendimento com ampliação da oferta de crédito, o que também é muito importante no cenário atual.

Para as empresas de varejo, as marcas, franquias, centrais de negócios ou redes de serviços é a oportunidade de desenvolver mais e melhores relacionamentos, criar maior proximidade, estimular, reconhecer e premiar a fidelidade e, muito mais importante, aumentar o volume de negócios e melhorar desempenho e resultados.

Vale refletir. E agir.

Notas

Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

Imagem: Shutterstock

Sair da versão mobile