Após 21 meses de alta, os preços do comércio eletrônico voltaram a registrar deflação em dezembro. De acordo com o Índice FIPE Buscapé, a retração foi de -2,01% no último mês do ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Na comparação ante novembro, a redução foi de -1,76%.
O Índice FIPE Buscapé registrou em março o pico de inflação da série histórica, com 10,76%, na comparação ante ao mesmo período de 2015. Seguindo a tendência dos preços gerais, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação do comércio eletrônico desacelerou ao longo de 2016, especialmente no último trimestre.
Sandoval Martins, CEO do Buscapé, salienta que, por conta de sua composição e características, a cesta de produtos do e-commerce tende a ser deflacionária em condições ideais de mercado. A comparação é feita sempre dos mesmos produtos, que propendem à desvalorização com a disseminação da tecnologia, lançamento de um produto superior na mesma categoria ou troca de coleção e mostruário. “Em 2016, com o avanço da crise econômica e política, que refletiu no aumento do desemprego e na desvalorização do real ante o dólar, os preços do e-commerce explodiram e a inflação atingiu dois dígitos pela primeira vez desde o início da série histórica. Ainda pairam muitas incertezas, mas o comportamento do índice mostra que o mercado está confiando que o pior da recessão já passou”, afirmou.
Apesar da deflação, a comparação anual das 150 categorias monitoradas pelo FIPE Buscapé apontou para expansão de preços em 82 das 150 categorias. A retração, porém, foi alavancada pelas categorias Telefonia (-9,71%), Moda e Acessórios (-5,35%) e Eletrônicos (-2,77%), que possuem grande peso na formação da cesta de produtos. Na comparação ante novembro de 2016, por sua vez, 124 das 150 categorias registraram queda nos preços.
“Dezembro é o mês de início dos saldões, que iniciam um pouco antes no e-commerce devido ao prazo de entrega dos produtos. Além disso, trata-se de um mês de muitos lançamentos de celulares e isso impacta nos preços dos produtos desta categoria”, explica Sandoval Martins.
Em relação ao IPCA, a atual projeção da pesquisa Focus, do Banco Central, aponta para o fechamento de 2016 com variação de 6,29%. Configurando-se estas perspectivas, os preços do comércio eletrônico deverão encerrar 2016 com crescimento de preços de 7,80% inferior aos preços gerais.
Fonte: Agência IN