A hora e a vez de alimentos e bebidas no e-commerce brasileiro

Vamos tratar neste artigo de um importante movimento detectado no e-commerce brasileiro em 2022, que favorece muito as categorias de rotina dos consumidores e cria oportunidades para redes de varejo alimentar regionais expandirem seus negócios.

O ano de 2022 no e-commerce brasileiro

Segundo recente pesquisa Webshopper, da NielsenIQ Ebit, em 2022, as vendas online no Brasil apresentaram sinais de estabilização, totalizando R$ 262,7 bilhões, apenas 1,6% acima do ano anterior.

As principais categorias em termos de pedidos sofreram alterações. Perderam força na participação em GMV categorias de ticket mais elevado, como telefonia, e cresceram as de menor ticket, como perfumaria, cosméticos, alimentos e bebidas. Como consequência, o ticket médio geral caiu 7,5%, em 2022, quando comparado a 2021.

Categorias de rotina foram as grandes impulsionadoras do aumento em quantidade de pedidos. Alimentos e bebidas foram o principal destaque, com o maior crescimento em importância no volume de pedidos, passando a ocupar a 3ᵃ posição no ranking, atrás de perfumaria, cosméticos, casa e decoração.

O mercado de e-commerce de alimentos e bebidas no Brasil é liderado por grandes empresas como Pão de Açúcar, Carrefour, Extra entre outras, que oferecem plataformas online de vendas de alimentos, bebidas e outros produtos de consumo.

Contudo, acreditamos que existem inúmeras oportunidades para o desenvolvimento de soluções regionais, combinando expertise de mercado com desejos do novo consumidor, cada vez mais integrado aos canais digitais de vendas.

Também nos últimos anos não podemos deixar de destacar o aumento no número de startups brasileiras que atuam no mercado de e-commerce de alimentos e bebidas, com destaque para o Zé Delivery, iFood, Rappi e Daki, que oferecem serviços de entrega rápida e conveniente de produtos alimentícios.

A utilização destas plataformas de marketplace para viabilizar vendas de alimentos e bebidas nas redes de supermercados regionais é uma solução interessante e permite diversos aprendizados sobre vendas digitais sem a necessidade de grandes investimentos.

Outro aspecto que chama a atenção é o aumento de novos shoppers digitais: 24% em 2022 sobre 10% em 2021, segundo a NilsenIq Ebit. Este dado representa claramente que existe muito espaço para aumentar a penetração das vendas digitais no mercado varejista brasileiro, diferentemente de mercados mais maduros, como o americano e europeu.

Com relação aos meios de compra, os aplicativos (apps) caíram no gosto do consumidor brasileiro, principalmente em supermercados e farmácias, com 29% e 38% de ocorrência de compras nos últimos 6 meses, respectivamente. Desenvolver soluções de apps é praticamente mandatório para o sucesso de vendas digitas nos supermercados.

Frete grátis, promoções e praticidade continuam sendo os principais motivadores de compra nos canais digitais.

Categorias de FMCG (fast moving consumer goods) ou produtos industrializados de giro rápido foram destaque porque performaram vendas acima da média de crescimento do e-commerce em todos os meses de 2022, provando que o paradigma de que categorias de baixo valor não se vendiam pelos canais digitais está definitivamente quebrado.

Perfil de oportunidades para supermecadistas regionais

Considerando os dados apresentados, podemos concluir que o e-commerce de alimentos e bebidas é um dos que mais crescem no Brasil.

O varejo digital de supermercadistas regionais de pequeno e médio portes no Brasil possui várias oportunidades interessantes que podem ser exploradas para aumentar sua participação no mercado, impulsionado pelas mudanças nos hábitos de consumo e o crescente interesse em produtos saudáveis e convenientes.

Algumas dessas oportunidades incluem:

  1. Crescimento do mercado de comércio eletrônico

O mercado brasileiro de comércio eletrônico tem crescido significativamente nos últimos anos e deve continuar em alta nos próximos anos. Isso oferece uma grande oportunidade para os supermercadistas regionais de pequeno e médio portes expandirem suas vendas online e alcançarem novos clientes.

  1. Aumento da demanda por compras online de alimentos

A pandemia de covid-19 acelerou o crescimento das compras online de alimentos, e muitos consumidores agora preferem comprar mantimentos online por conveniência e segurança. Os supermercadistas regionais de pequeno e médio portes podem aproveitar essa tendência para aumentar suas vendas online e oferecer um serviço mais conveniente para seus clientes.

  1. Foco em produtos regionais e orgânicos.

Muitos consumidores estão buscando produtos orgânicos e regionais, e os supermercadistas regionais de pequeno e médio portes podem aproveitar essa tendência para se destacarem no mercado. Ao oferecer uma seleção de produtos locais e orgânicos em sua loja online, eles podem atrair clientes que valorizam esses tipos de produtos.

  1. Integração de tecnologia

A integração de tecnologia pode ajudar os supermercadistas regionais de pequeno e médio portes a melhorarem a eficiência de suas operações de comércio eletrônico e oferecer uma experiência de compra mais agradável para seus clientes. Por exemplo, a implementação de um sistema de gerenciamento de estoque automatizado pode ajudar a evitar problemas de estoque e atrasos nas entregas.

  1. Personalização da experiência do cliente

Os supermercadistas regionais de pequeno e médio portes podem aproveitar o fato de conhecerem bem seus clientes para personalizar a experiência de compra online. Ao oferecer recomendações personalizadas de produtos com base no histórico de compras do cliente, por exemplo, eles podem melhorar a satisfação do cliente e aumentar a fidelidade.

Essas são algumas das oportunidades que os supermercadistas regionais de pequeno e médio portes podem explorar para crescer no mercado de varejo digital. Ao aproveitar essas oportunidades darão passos importantes para aumentar a relevância das vendas digitais no negócio com um todo, além de capturar novos consumidores cada vez mais antenados com as tendências do mundo digital.

Natalino Franciscato é gerente de Projetos da Gouvêa Consulting.
Imagem: Divulgação e Reprodução

Sair da versão mobile