Grãos: cotações sobem com saída da Rússia de acordo com Ucrânia; alta deve ser limitada

O BMI avalia que os efeitos da suspensão do acordo seriam mais prejudiciais ao trigo do que ao milho

Ucrânia

Os preços dos grãos sobem nesta segunda-feira, 17, após o anúncio de que a Rússia vai se retirar do acordo de grãos do Mar Negro com a Ucrânia, que expira hoje. Apesar disso, para o BMI Research, o efeito do fim do pacto nos preços “provavelmente será limitado”. Em nota enviada na sexta-feira, os analistas do banco afirmaram que é improvável que ocorra um aumento repentino semelhante ao que ocorreu no início da invasão russa à Ucrânia, mas um crescimento temporário e uma maior volatilidade são possíveis.

O BMI avalia que os efeitos da suspensão do acordo seriam mais prejudiciais ao trigo do que ao milho. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê uma queda de 1,4% nas exportações globais de trigo nesta temporada. Enquanto o Brasil teve uma colheita recorde de milho, junto com as colheitas também promissoras dos EUA e da Argentina. “O mercado global de trigo está mais apertado do que de milho e, portanto, é mais sensível – e propenso a aumentos de preços – a desenvolvimentos negativos na oferta”, afirmaram analistas do banco.

Com a incerteza em torno da renovação do acordo, as operações no corredor marítimo do Mar Negro já estavam praticamente paradas, sem novos navios autorizados a entrar ou sair desde 27 de junho, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). O último navio listado pela organização como participante do acordo, o TQ Samsun, de bandeira turca, partiu de Odessa transportando 15.300 toneladas de colza com destino à Holanda.

Segundo a BMI, os volumes de exportação da Ucrânia já diminuíram, enquanto a capacidade do país de produzir grãos continua significativamente prejudicada pelos danos causados pela guerra. Em junho, foram exportados cerca de 2 milhões de toneladas de grãos, em comparação com um pico de 4,2 milhões em outubro, de acordo com dados da ONU.

O acordo foi negociado entre Ucrânia, Rússia e Turquia em julho do ano passado, depois que a invasão russa à Ucrânia interrompeu as exportações pelo Mar Negro e levou a um aumento nos preços globais dos alimentos. Por meio do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a Rússia anunciou sua retirada do acordo nesta segunda-feira, após meses de ameaças, mas informou que pode retomar o pacto se suas exigências forem atendidas. O país pede que o Ocidente facilite suas exportações de alimentos e fertilizantes.

Pelos termos do acordo de grãos, este poderia ser renovado automaticamente a cada 120 dias, a menos que um dos signatários acione uma cláusula de saída. A decisão pela suspensão veio horas depois do ataque à ponte que liga a Crimeia à Rússia. Os russo já tinham suspendido sua participação anteriormente em outubro, após um ataque a uma base naval russa na Crimeia. Moscou voltou ao acordo depois que Ucrânia, Turquia e a ONU continuaram enviando navios de e para Odessa, ignorando a suspensão russa enquanto os diplomatas corriam para salvar o pacto.

Com informações de Estadão Conteúdo (Dow Jones Newswires)
Imagem: Shutterstock

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