Fazer o básico bem-feito passou a ser uma das expressões mais usadas no varejo. Colocar o consumidor no centro de toda e qualquer operação vai por esse caminho, assim como estar pronto para os avanços tecnológicos, como a Inteligência Artificial, cada dia mais rápidos e em maior quantidade.
O tema foi abordado em painel do primeiro dia de Latam Retail Show, o principal evento B2B de varejo e consumo da América Latina. Marcos Gouvêa, diretor-geral da Gouvêa Ecosystem, recebeu para um bate-papo no palco principal do evento Luiz Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, e Antonio Joaquim de Oliveira, presidente da Dexco.
“Até uns 10 anos atrás o consumidor era uma figura que não aparecia no nosso radar. Nossa preocupação maior era com o nosso cliente, que é o varejo. A gente desenhava o produto que achava que o consumidor iria querer, mas com pouca interação com ele. Nos últimos anos passamos a investir pesado em entender o consumidor”, admitiu Oliveira.
“O consumidor mudou profundamente. Antes o preço era o mais importante. Hoje ele compete com a agilidade do atendimento”, lembrou Luiza, que fez questão de levar ao palco um sentido de unidade do mercado para ultrapassar algumas barreiras atuais.
“Outra coisa que mudou também foi o papel do líder. Se nós não trabalharmos pelo País em que nós estamos, pelas causas, não vamos avançar. Precisamos trabalhar contra os juros altos. Isso afeta demais as PMEs. São as pequenas e médias empresas que são responsáveis pelos empregos do País. Temos que ter responsabilidade com a pequena e a média empresa. Nós vivemos de renda e inovação. E a renda do Brasil vem dos salários, dos empregos. Então precisamos trabalhar o Brasil, precisamos nos unir”, pediu a executiva.
Mudanças no horizonte
Se a busca por ter o consumidor no centro voltando ao básico bem-feito tem trazido evoluções nas empresas, a tecnologia vai pelo mesmo caminho. Principalmente quando falamos de Inteligência Artificial.
“Nós temos uma fase de aprendizado em Inteligência Artificial, mas que terá que ser muito rápida, para não sermos atropelados por ela. Primeiro fizemos um processo de aculturamento na companhia. Começamos do começo, colocando as ferramentas à disposição. Não sabemos ainda qual vai ser o impacto. Mas ele estará no fornecedor, no varejo, no cliente final. E vai, sim, impactar o consumidor na forma como ele pesquisa e escolhe produtos. As possibilidades são quase infinitas”, afirmou o presidente da Dexco.
“A Inteligência Artificial existe há muito tempo. Usamos isso há muito tempo. Mas essa Inteligência Artificial Generativa é diferente. O que eu posso dizer é que toda a parte operacional vai ser engolida. A burocracia vai ser engolida pela Inteligência Artificial. Mas a parte estratégica, não”, disparou Luiza Trajano.
A executiva entende que o mercado tem que se adaptar com essa nova realidade. “Tem que buscar o estratégico. Tem que pensar em inovação. Tem que pensar no que pode ser feito de diferente. Porque a Inteligência Artificial vai ocasionar uma mudança profunda em tudo o que é operação. Movimento não é necessariamente produtividade. A gente vai deixar de movimentar muito para produzir mais, porque vai ter alguém muito rápido para produzir para a gente”, revelou Luiza.
“Eu acredito que a Inteligência Artificial vai afetar a força de trabalho, principalmente na parte administrativa. Eu me recordo que tivemos lá atrás um impacto muito grande na força de trabalho com o avanço da automação. Muitos empregos foram ceifados, mas muitos outros foram criados. Muito mais qualificados. As empresas precisam correr atrás e apostar também na qualificação dos trabalhadores”, finalizou o presidente da Dexco.
O Latam Retail Show 2024 é a 9ª edição do evento e acontece no Expo Center Norte, Zona Norte de São Paulo. O LRS é realizado pela Gouvêa Experience e tem cobertura especial da Mercado&Consumo, que conta com um estúdio montado dentro da área expositiva do evento.
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