“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.” A famosa frase de Charles Darwin nunca fez tanto sentido. A sociedade como um todo passou por grandes mudanças nos últimos anos. Passamos por uma pandemia, meses de isolamento, crises financeiras, aumento do desemprego, entre outros fatores, que trouxeram novos modos de pensar e viver. E, com isso, fica a pergunta: como lidar com as novas mentalidades no ambiente de trabalho?
O agente principal de todas as mudanças foi a pandemia. A quarentena alterou a dinâmica corporativa, apresentou-nos o home office e mostrou uma nova prioridade entre as empresas: o bem-estar dos colaboradores. No cenário pré-pandêmico, a velha máxima de “trabalhe enquanto eles dormem” era o esperado de um profissional de sucesso. No início do surto de covid-19, muitas pessoas foram demitidas e aquelas que não foram encontraram uma jornada de trabalho sem hora para acabar. A ideia de transformar o seu lugar de descanso em um escritório gerou muita confusão: será que trabalhamos de casa ou moramos no trabalho? Por isso, ao chegar no momento pós-pandêmico, os colaboradores, especialmente os da nova geração, começaram a repensar suas prioridades. É aí que surgiu o quiet quitting.
Quiet quitting, ou demissão silenciosa, é uma tendência praticamente consolidada na qual o funcionário desempenha suas funções e só. Não há a mentalidade de que o trabalho deve ser sua vida ou de que você deve dar tudo de si. O conceito vem, principalmente, das gerações Y e Z (de 12 a 40 anos), que trazem um contraponto ao “workaholismo”, termo que foi consolidado na década de 70 para descrever um trabalhador compulsivo. A grande questão é que, atualmente, os quiet quitters e os workaholics trabalham lado a lado.
Existe um conflito geracional acontecendo entre as mesas de um escritório. Pensando nos extremos, os quiet quitters acreditam que os workaholics não levam uma vida saudável com bem-estar, enquanto os workaholics pensam que os quiet quitters fazem parte de uma geração preguiçosa. Mas não para por aí. Outros movimentos estão surgindo entre os dois lados. O FatFire, sigla que vem da junção da palavra “fat” com os termos “Financial Independence, Retire Early“, é um novo conceito que traz a ideia de trabalhar muito para juntar dinheiro e se aposentar cedo.
O FatFire compartilha ideais dos dois movimentos. Como o quiet quitting, não há necessariamente um amor pela sua função, já que os funcionários querem sair dela o quanto antes. Por outro lado, como o workaholismo, há a mentalidade de trabalhar incansavelmente para poder acumular o máximo possível de dinheiro. As ideias podem não ser as mesmas, mas uma coisa é certa: as últimas gerações sentem mais segurança em expor suas vontades e reivindicar seus direitos.
Não precisamos – e nem devemos – definir qual movimento é o mais inteligente ou mais forte. Voltando à ideia de Charles Darwin, o grande diferencial está naqueles que conseguem se adaptar às mudanças. Para ser um bom líder ou liderado, você não precisa se identificar com o mesmo movimento ou ter as mesmas opiniões. Você precisa ter uma escuta ativa e ser flexível quanto a ideias diferentes. Afinal, o quiet quitting, o FatFire e o workaholismo são as tendências do agora. Amanhã, quem sabe qual será a próxima novidade a sentar ao seu lado em uma mesa de reunião?
Rodrigo Maia dos Santos é CEO da Gonow1.
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