Segundo uma pesquisa da CNI, 80% das indústrias inovaram na pandemia e tiveram aumento de lucro e produtividade, ao passo que metade delas ainda não possui um setor específico de inovação e apenas 37% têm orçamento para este fim.
Você já parou pra pensar no enorme potencial que essas indústrias possuem para impactar de forma mais assertiva os consumidores e ganharem mercado? Embora grande parte já tenha se movimentado na direção da mudança, ainda observamos alguns comportamentos típicos da indústria tradicional como:
- Baixa flexibilidade;
- Dependência de um canal;
- São voltadas para dentro;
- Foco apenas no produto;
- Foco único na produtividade.
O poder do canal direto sem intermediários por muito tempo intimidou a indústria – e ainda intimida. Por sorte, a internet e os canais digitais, aliados a um novo comportamento do consumidor, derrubaram esse paradigma e hoje as empresas sabem que precisam ir na direção de atender e entender cada vez mais o consumidor e suas necessidades.
No aspecto inovação, o primeiro movimento tem sido o de buscar conhecer de forma profunda o perfil e comportamento dos consumidores. Então, algumas se movimentaram no sentido de criar seus próprios canais digitais – e passaram a incorporar tecnologia como parte de seu core business. Começaram a captar informações ricas sobre comportamento do consumidor, jornada de compras e além. Essa empreitada permitiu, por exemplo, a criação de programas de relacionamento e fidelidade bastante personalizados (e por vezes ultrapersonalizados) para um relacionamento próximo, direto e íntimo com sua base de clientes.
O atual consumidor é desafiador e, para conquistá-lo, é preciso entender do que ele gosta e o que deseja. A indústria lida com um público que sabe cada vez mais o que quer, composto muitas vezes por ativistas de causas, consumidores sedentos por novidades, ou ainda de forma antagônica (e por questões que vão além do desejo como economia e questões sociais) com medo de consumir buscando mais valor pelo menor preço, entre outras tantas características.
Sempre digo que o melhor caminho para quebrar o ciclo vicioso do pensamento da indústria tradicional é aliar os canais de vendas indiretos, como multimarcas e revendedores, para investir em novos canais diretos e que permitam a oferta completa do portfólio de produtos, aumento das margens e geração de experiência e conexão com o consumidor – já que traz a possibilidade de mostrar de forma clara seu posicionamento e valores. Quem fez isso bem feito já enxerga um crescimento exponencial.
Isso faz parte de um ciclo de renovação, uma vez que traz um novo mindset, de que as indústrias podem atuar no modelo omni, sem deixar para trás suas raízes.
E isso tem provocado uma verdadeira transformação no setor, que muitas têm achado no varejo novas formas de interação se valendo dos mais diversos modelos e conceitos de negócios. Temos projetado para nossos clientes modelos de lojas escaláveis, especialmente utilizando o modelo de franquias. E os resultados são incríveis, pois proporcionam alinhamento, resultados e excelência.
Já podemos dizer que a mentalidade da indústria está em processo de transformação de “nossa vocação é produzir” para “queremos também atender o cliente como ele merece” – uma verdadeira atuação ambidestra já que exige ao mesmo tempo a atuação na produção e, em paralelo, na inovação muitas vezes criando startups apartadas de sua estrutura principal para trazer o novo para dentro da companhia.
Essas estruturas com mindset de startup têm buscado trazer para o negócio:
- Novos produtos ou inovação nos existentes;
- Expansão para novos mercados, formatos e canais;
- Parcerias estratégicas.
E esse processo de trilhar esse caminho de renovação em canais e repensar do negócio passa pelos mais diversos setores. E você, o que acha de entender melhor esse movimento da indústria rumo ao varejo e começar uma jornada de Inovação, renovação e transformação no seu negócio?
Lyana Bittencourt é CEO do Grupo Bittencourt.
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