Vivemos em um mundo em que adultos estão regredidos?

Vivemos em um mundo em que adultos estão regredidos?

Muitas vezes sinto que estou enxugando gelo. Minha caminhada no Instituto Mulheres do Varejo completa sete anos em 2025. Temos 400 mulheres que atuam no ecossistema do grupo, reunidas com cada vez mais força e propósito. Estamos juntas para mostrar que não estamos sozinhas. Parece óbvio, mas somos um grupo minoritário, mesmo sendo a maioria, falando das mulheres no Brasil atual.

Neste caminhar, ultimamente, executivos têm me perguntado muito sobre os muitos programas cancelados relacionados à diversidade e inclusão. Digo e bato na tecla: é até muito positivo para separar as empresas que realmente têm o propósito em seu core das que somente fizeram isso por efeito manada.

Por outro lado, não sei se estou sendo ingênua. Eu sou jornalista e sei da importância e do poder da informação. Acredito muito no inverso das jornadas que acabamos vendo nos portais de notícias e redes sociais repletas de notícias sensacionalistas trágicas. Há mais notícias boas do que ruins. No entanto, com os algoritmos da internet, clicamos numa manchete e várias outras aparecem com o mesmo teor.

Sou do tempo de ler revistas e jornais impressos. Não havia algoritmo e lia conteúdo de articulistas que tinham pensamentos diferentes dos meus, o que ampliava meu nível de consciência.

Lógico que sempre há o sensacionalismo. Nossa mente é atraída pelo catastrófico para nos proteger. As notícias ruins sempre farão mais barulho. Temos de aprender a dominar nossa mente para notar quantas coisas boas fazemos em nosso dia a dia, e não o contrário. Analisar todos os pontos das informações e ter discernimento.

Por isso, sou a favor do autoconhecimento. Há líderes despreparados que, ao invés de inspirar, acabam regredindo por algo mal resolvido, agindo como crianças mimadas, preocupando-se com seu ego e não com o coletivo. Ainda que estivessem em seu estado adulto, cuidando do seu ego, seria maravilhoso. Temos de nos cuidar primeiro, para depois cuidar do outro. Entretanto, vejo cada dia mais, em discussões corporativas, adultos regredidos.

Não à toa, os dados de 2024 do Ministério da Previdência Social, sobre afastamentos do trabalho, mostram que houve quase meio milhão de afastamentos por causa de transtornos mentais, o maior número em dez anos.

Precisamos voltar a ler mais e ser menos leitores de manchetes, sendo levados por algoritmos. Devemos provocar mais discussões inteligentes, além de precisar nos tratar, fazendo com que nossas crianças internas sejam acalentadas e deem espaço para os adultos saudáveis.

A responsabilidade é imensa, para com nossa pessoa, assim como para futuras gerações, mas acredito que há muitos líderes inspiradores!

E você? Como promove o autoconhecimento?

Sandra Takata é presidente do Instituto Mulheres do Varejo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

Imagem: Shuuterstock

Sair da versão mobile