O varejo, de uma maneira geral, está exposto à crise causada pelo novo coronavírus e, na visão da XP Investimentos, por ser um segmento de risco “médio alto”, um impacto negativo é esperado para o setor como um todo, apesar da visão ainda estar limitada no momento.
A XP acredita que o maior risco é de um choque de demanda em função da restrição de movimento e da priorização do consumo básico em detrimento do consumo livre.
De qualquer maneira, as varejistas listadas estão relativamente melhor posicionadas em um cenário mais crítico e inclusive podem apresentar um ganho de participação de mercado frente às empresas menores.
Muitas dessas são líderes em seus setores e tiveram a capacidade de construir estoques de segurança mais robustos em meio às crescentes preocupações, além do maior poder de barganha com fornecedores locais e internacionais.
O relatório também aponta para um potencial choque de oferta, fruto das implicações do vírus na cadeia de abastecimento de algumas indústrias, caso a epidemia se prolongue e a disponibilidade de insumos permaneça limitada.
Sobre o primeiro ponto, até o momento, o ritmo de vendas tem permanecido estável desde o início do ano e, na realidade, algumas têm observado aumentos pontuais em fluxo, como é o caso das farmácias e supermercados.
Entretanto, com a escalada recente do número de casos no Brasil, a XP espera que a redução de fluxo se acentue ao longo das próximas semanas.
Em relação ao choque de oferta, já existem relatos de paralisação de produção em algumas fábricas locais, em função da falta de componentes, e atrasos nas importações de matéria-prima ou produtos acabados, com o congestionamento em portos e produção limitada.
Em especial, destacamos as categorias que têm maior dependência da Ásia/China, como a de eletroeletrônicos, a farmacêutica e a de vestuário.
Em relação a endividamento, a XP não acredita que as empresas que ela cobre tenham problemas com esse ponto, mas destaca que a Via Varejo, apesar da alavancagem relativamente baixa — 0,7 vezes na relação dívida líquida sobre Ebitda —, tem dívidas bancárias de curto prazo da ordem de R$ 1,7 bilhão e uma posição de caixa de R$ 1,4 bilhão.
Em relação ao câmbio, Positivo e Vivara são as empresas com maior exposição, com 80% a 90% dos custos em moeda estrangeira.
Desde o início de fevereiro, as ações das empresas que a XP faz cobertura no setor de varejo já acumulam uma queda de 26%.
Com isso, o setor como um todo hoje negocia em um múltiplo preço sobre lucro de doze meses médio de 18 vezes (12% em relação à média de cinco anos e 28% abaixo do pico atingido em fevereiro deste ano).
No setor de varejo, cada variação de 100 e 200 pontos no risco-país (CDS) acarreta um impacto, em média, de 16% e 28% nos preços-alvo, respectivamente, em função do aumento do custo de capital.
Com informações do portal Valor Investe
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