Sem sombra de dúvidas, um dos maiores desafios no mundo é a geração de emprego e renda para fortalecimento das economias. O desemprego no Brasil já alcançou 14,4%. No primeiro momento da pandemia, a injeção de auxílio emergencial foi essencial para manter o poder de consumo da população. A longevidade da pandemia foi, aos poucos, drenando o potencial de injeção de recursos governamentais aos mais de 20 milhões de brasileiros que não estão trabalhando, somando 14,4 milhões de desempregados aos 5,9 milhões de desalentados.
O auxílio aos desempregados e desalentados é importante para reduzir o sofrimento e a fome desses cidadãos, mas é uma ação paliativa para esse momento dramático de pandemia e rígidas regulamentações de isolamento social. O ex-presidente Michel Temer, durante a segunda edição do evento “Quando os Presidentes se encontram”, realizado pela Gouvêa Ecosystem, mencionou que “O Varejo é fundamental” e que “o setor tem uma capilaridade fantástica”. Também mencionou a redução do desemprego e o aumento de consumo como caminho para o reaquecimento da economia. Para o ex-presidente, é preciso “Unidade e Ação”.
Luiza Helena Trajano, conselheira do IDV (Instituto de Desenvolvimento do Varejo), pensa de maneira semelhante. Disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que “superar a pandemia e pôr o Brasil de pé é uma coisa só. É preciso vacinar, é preciso garantir uma renda básica, estimular o consumo e criar empregos.” E, para chegar lá, ela defende “uma grande união” de forças, política, industrial, e que seja feito um pacto: “Cada um vai ter de ceder para todos ganharem. E o emprego é que vai dar dignidade às pessoas.”
Como gerar novos postos de trabalho nesse cenário de incertezas? Trazer mais gente nesse cenário de consumo reduzido? Não temos mais aquele cenário de “pleno emprego” que vivemos no início da década passada, quando as empresas ampliavam suas redes de lojas e plantas industriais e as placas “contrata-se” estavam sempre ativas.
O caminho da geração de emprego passa pela transformação dos negócios! Não só apenas por conta da transformação digital que vivemos, que mudou os hábitos do consumidor. O trabalho mudou! Home office, venda por WhatsApp, lives de venda pelo Instagram, delivery, venda online com retirada na loja, protocolos de segurança sanitária… são milhares de novos procedimentos em novos cargos e funções.
Se o Brasil já vivia uma crise de produtividade antes da pandemia, será que teremos pessoas qualificadas para atuar nesse novo cenário? Vai ser difícil encontrar gente boa para fazer o trabalho que temos hoje. Até mesmo devido ao fato de que muitas empresas ainda não revisaram seus procedimentos e formalizaram seu “novo jeito de ser” para gerar resultados e prosperidade. Essas tampouco sabem quais competências precisam para que tenham alta performance e produtividade em suas equipes.
Complementando as visões de Temer e Trajano, de que o caminho para a retomada da economia passa por geração de emprego e aumento de consumo, devemos incluir a qualificação profissional de nossa força de trabalho. Se o governo, por um lado, tem o compromisso de criar pacotes de incentivos, o empresariado deve ter o compromisso de qualificar suas equipes para que tenham incremento na produtividade. Afinal, de que adianta ter empregos se não temos gente boa para fazer o trabalho? A conta continuará não fechando!
Luiz Guilherme Baldacci é sócio-diretor da Friedman.
Imagem: Envato/Arte/Mercado&Consumo