Fomentado principalmente pela atividade de farmácias e perfumaria, no mês de abril, o faturamento real do varejo paulista alcançou R$ 96,7 bilhões, valor R$ 1,7 bilhão acima do apurado no mesmo período de 2022. No mês, o crescimento foi de 1,8%, ao considerar a mesma base comparativa. Esse é o melhor resultado para o período em 15 anos. Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP)
A variação acumulada nas vendas varejistas no ano foi de 5,1%, o que representa um faturamento R$ 18,3 bilhões superior ao obtido entre janeiro e abril do ano passado. O resultado mostra a força das vendas no comércio e acompanha a melhora das condições econômicas das famílias, com mais emprego e renda.
Das nove atividades pesquisadas, seis obtiveram aumento no faturamento real no quarto mês do ano: farmácias e perfumarias (17,2%); lojas de eletrodomésticos eletrônicos e L.D. (10,9%); supermercados (9,6%); concessionárias de veículos (9,6%); autopeças e acessórios (6,8%); e lojas de vestuário, tecidos e calçados (6,3%).
De acordo com a Federação, apesar dos juros elevados, o crédito continua amplo e farto no sistema financeiro às pessoas físicas, com acesso tanto por meio dos cartões de crédito quanto pelos carnês. No entanto, segundo o Banco Central (Bacen), a inadimplência para o consumidor paulistano tem aumentado, cenário que pode gerar algum risco para o ritmo de crescimento do segmento em um futuro próximo. Por outro lado, as possibilidades de renegociação de dívidas em atraso — com poder de barganha maior, frente à estabilidade no empego — representam um ponto favorável ao consumidor.
Queda
No caminho inverso, o grupo de outras atividades registrou queda de 18,6% no contraponto anual. A redução expressiva nos preços dos combustíveis, quando comparados com o mesmo período de 2022, é um dos motivos para esse resultado. Contudo, vale lembrar que isso não implica queda de consumo, mas compras em valores menores. Também apresentaram quedas os setores de móveis e decoração (-5,8%) e materiais de construção (-5,3%). Essas atividades estão ligadas diretamente à indústria da construção civil — que, diante de juros elevados, segue lidando com vendas limitadas.
Segundo a FecomercioSP, é importante ressaltar que, apesar do recorde de faturamento para o mês, os varejistas enfrentam dificuldades financeiras. Apesar de a receita estar mais alta, o lucro não segue, necessariamente, a mesma tendência. O custo de crédito elevado, o aumento da inadimplência e os preços dos fornecedores nas alturas são fatores que dificultam o dia a dia das empresas — mesmo que toda a conjuntura não seja negativa.
Ainda assim, a tendência é positiva para os próximos meses, com recomposição da renda real permitindo um avanço do consumo. A PCCV de maio, mês do Dia das Mães, deve comprovar a solidez do setor varejista, ao apontar crescimento na maioria das regiões do Estado.
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