Desde que o Facebook mudou de nome e se tornou Meta, nunca se falou tanto sobre metaverso no mercado – desde o de jogos e tecnologia até o varejo. Embora o tema seja quente e continue sendo durante os próximos anos, ainda há um longo caminho a percorrer até que essa tecnologia faça parte do dia a dia da maioria da população.
Ainda assim, já é possível observar grandes players atuando nesse universo, criando inspirações para ações mais tangíveis para o momento. Marcas globais, como Louis Vuitton, Gucci e Nike, já deram os primeiros passos no metaverso e estão faturando com peças virtuais por meio de “NFT’s” (tokens não-fungíveis), impulsionando dois fatores cruciais para o interesse por objetos puramente virtuais: a exclusividade e a autenticidade. Para o varejo de agora (de todos os portes), a pergunta que fica é: como se apropriar desses dois fatores com o objetivo de se preparar para o futuro?
A autenticidade e a exclusividade podem ser adaptadas com o uso de outro termo, que se conecta facilmente nesse processo de adaptação para o “varejo do futuro”: personalização. Com o avanço da captação e estudo de dados, se tornou viável o desenvolvimento de sistemas que facilitem o relacionamento entre marca e negócio. Se em acordo com a LGPD, o uso de dados é essencial para gerar insights que guiem o varejista na hora de criar estratégias, afinal, somente conhecendo o público é possível direcionar ações certeiras. E-mails push com ofertas de produtos que o consumidor visualizou e não comprou, descontos no mês de aniversário do cliente, programas de pontos e fidelização – tudo isso causa uma sensação de pertencimento e exclusividade para quem compra.
Aqui no Brasil, marcas como Reserva e Aramis começaram a anunciar nas últimas semanas ações voltadas para o metaverso. Mas por que, afinal? Embora possa parecer um movimento puramente de marketing para reforçar o posicionamento de empresas atentas ao futuro ou alguma tendência de mercado, há mais oportunidades em jogo do que isso. É dar para o consumidor a possibilidade de ter a posse de um ativo digital, considerado até mesmo como uma forma de investimento (para o caso de revenda de NFT’s no futuro). Esses negócios estão proporcionando um clube de benefícios exclusivos para quem decide entrar no mundo nas NFT’s, tornando não somente o item algo desejável, como também algo que possivelmente fidelize ainda mais o consumidor à marca.
Além de cativar o cliente, há as vantagens para o próprio varejo. Imagine o caminho da cadeia de produção de um tênis – desde a obtenção da matéria-prima em um local e a fabricação em outro, até todas as pessoas envolvidas, transporte, exportação, recebimento, venda, etc. Qual seria o custo para o negócio até o produto chegar nas mãos do seu consumidor final? Em comparação com a produção ou margem em um ativo digital desse mesmo produto, o custo do material físico é maior. E, mesmo assim, em alguns casos, a NFT possui um valor até mesmo mais alto que o produto “real”. Isso acontece porque algumas empresas conseguiram criar marcas de valor em seus mercados, tornando NFT’s oportunidade de ouro e uma aposta mais do que válida.
Há menos de seis meses, pouco se falava sobre esse tema, mas é possível afirmar que, na próxima metade do ano, serão poucas as grandes marcas que não vão ter criado suas iniciativas nesse sentido. Para o pequeno e médio varejista que ainda está avançando em outras frentes de digitalização, não há motivo para pânico: o metaverso ainda está em estágios iniciais. Enquanto isso, investir em tecnologia para proporcionar uma jornada de consumo conveniente, confortável, ágil e personalizada para o cliente deve se manter no foco das estratégias. Pois, mesmo com um ambiente em que tudo acontece cada vez mais rápido, ainda há muito o que se descobrir sobre como aproveitar esse “universo online” da melhor maneira. O que não é válido é fechar os olhos para as tendências, em tempos que o consumidor está ávido por novidades a todo instante. Com esse olhar e um negócio preparado tecnologicamente, naturalmente o metaverso, quando desenvolvido e maduro, permeará todos os portes de negócios.
Caio Camargo é diretor comercial da Linx.
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