É inegável o impacto das mudanças geracionais e da transformação digital na sociedade, nos negócios, comunicação e no relacionamento entre as pessoas. Seja pelo uso das novas tecnologias ou pela própria mudança das pessoas, comportamentos e mentalidade, é inegável também que vivemos e coexistimos de uma maneira completamente diferente da conhecida até poucos anos atrás.
Um mundo complexo, volátil, ambíguo e incerto exige dos profissionais, empreendedores e das próprias organizações uma mentalidade também nova, capacitada e preparada para lidar com esta nova realidade. Já dizia Albert Einstein que os problemas significativos com os quais nos deparamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criamos.
Se até pouco tempo atrás falávamos da importância de habilidades como liderança, comunicação, trabalho em equipe e negociação, (que continuam imprescindíveis), hoje já falamos em habilidades cognitivas além das comportamentais, que vão desde a capacidade de resolução de problemas complexos, criatividade, pensamento crítico, inteligência emocional e da própria flexibilidade cognitiva. Uma vez que a tecnologia substituirá as funções técnicas e operacionais, a capacidade de colaboração e de tomar decisões baseadas em questões abstratas com muitas variáveis e – apenas para citar – o respeito à cultura corporativa e o bem-estar da equipe, serão essenciais.
O profissional deve estar comprometido com o seu próprio desenvolvimento, investindo em ferramentas que possam ajudá-lo a refinar essas capacidades e a desenvolver novas. Autoconhecimento e empatia para perceber as fortalezas e limites dos times também. Estamos falando de líderes não apenas mais humanos, mas mais atentos ao seu poder de influência na vida dos outros, sua capacidade de desenvolvimento, seu talento para transformar (realidade, negócios e vida). A questão do propósito – individual e organizacional também entra forte neste contexto, exigindo que as pessoas se posicionem.
No trabalho do futuro, estas habilidades serão uma questão de sobrevivência.
O impacto das novas tecnologias vem sendo sentido pelas empresas também na mobilidade de seus times. Mais profissionais, especialmente os mais jovens, estão usando smartphones e aplicativos para trabalhar em diferentes locais, distantes muitas vezes do escritório. Que o mundo do trabalho jamais esteve tão interconectado já não se tem mais dúvida. Bilhões de pessoas hoje estão ligadas à internet, dispositivos móveis e tecnologias de comunicação, que mudaram a forma com que nos relacionamos.
Nas empresas, o impacto dessa conectividade vem se refletindo nos modelos de negócios, comportamentos, habilidades e na velocidade com que as mudanças acontecem no mundo corporativo. Algumas das tendências para o trabalho do futuro, porém, já são observáveis em muitas indústrias – e apontam o caminho que os negócios estão seguindo.
Equipes multidisciplinares
As equipes multidisciplinares já são uma realidade e as competências analíticas e habilidades comportamentais são mais demandadas. Ter um olhar para os profissionais focado em suas competências e habilidades permite uma alocação destes de forma mais produtiva e assertiva em cada projeto, demanda ou desafio dentro das organizações. Esta atuação exige mais flexibilidade quanto a cargos e hierarquia, pois os profissionais são alocados conforme sua contribuição, não conforme a posição que ocupam. Neste sentido, as startups têm uma atratividade enorme, principalmente para os jovens. Além da liberdade de criar, elas têm um perfil corporativo diferente, estruturas pouco definidas e menos burocracia, o que atrai pessoas com vontade de realizar e ver o resultado do seu trabalho.
O futuro é digital
A inteligência artificial vai realizar a maioria das atividades como cálculos complexos e resolução de problemas cotidianos. O elemento mais importante no trabalho do futuro será a maneira de se relacionar, as competências comportamentais e a inteligência coletiva. A forma de operar do futuro é digital – engenheiros precisam conhecer o potencial da engenharia com as novas tecnologias, médicos devem ir além da medicina e entender o impacto da robótica. Todas as profissões estão hoje identificando novos modelos emergentes.
Fluidez do ambiente de trabalho
Os trabalhadores móveis, que passam cada vez menos tempo em suas mesas e transitam entre reuniões, viagens, home office e visitas ao cliente, já compõem hoje parcela significativa da mão de obra global. A conectividade vai permitir cada vez mais que tenhamos uma melhor qualidade de vida evitando picos de trânsito ou optando por horários mais flexíveis e adequados ao nosso estilo de vida e trabalho. Isso atende a duas demandas: dos trabalhadores que buscam mais equilíbrio, e das empresas, que se tornam mais eficientes e assertivas.
Modelos flexíveis de trabalho
trabalho do futuro compreende a diversidade das empresas e dos estilos de vida dos profissionais. O contrato fixo de tempo integral dá cada vez mais espaço aos modelos mais flexíveis de terceirização, outsourcing, serviços temporários e consultorias. Os negócios se tornam mais eficientes e diminuem o tempo de resposta às demandas dos mercados, deixando suas equipes permanentes a cargo de atividades estratégicas. Os profissionais ganham em qualidade de vida e motivação, com modelos de trabalho mais atuais e condizentes com suas expectativas.
Espera-se que ao menos 20% de suas equipes sejam compostas por temporários ou terceirizados em 2022. É mandatória uma revolução da eficiência do trabalho nas próximas décadas. Há um mundo de informações úteis a serem utilizadas para melhorar a vida das pessoas. Essas mudanças abrem oportunidades para que atividades de alta tecnologia, que não demandam um alto impacto humano, sejam feitas a distância. Tudo isso porque a ideia de se fazer mais com menos tem um limite. Em equipes com profissionais já sobrecarregados, o objetivo é trabalhar de forma mais simples e ganhar agilidade. A terceirização, os serviços compartilhados e o trabalho temporário são algumas das soluções para tirar a carga operacional e dar mais responsabilidade estratégica à equipe permanente.
Os profissionais do futuro devem combinar familiaridade com as inovações tecnológicas, habilidades comportamentais e capacidade analítica. Os especialistas concordam que os trabalhos operacionais, repetitivos e que requerem tarefas simples serão os mais ameaçados pela ascensão das tecnologias – e podem desaparecer em poucos anos. Por outro lado, há duas tendências que se mantêm fortes: as profissões high tech, de alta especialização e impacto tecnológico, e as high touch, de alto impacto humano.
E você, como está se preparando para este futuro tão próximo?
Se quiser falar mais sobre este assunto, trocar ideias e expor seu ponto de vista, falamos no e-mail fabiana.mendes@gsfriedman.com.br.
Até a próxima!
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