Inadimplência bate recorde e atinge quatro em cada dez brasileiros

São 65,53 milhões de pessoas endividadas, maior número em oito anos

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Quatro em cada dez brasileiros adultos (40,43%) estavam com o nome negativado em novembro de 2022, o equivalente a 65,53 milhões de pessoas. Esse número representa um novo recorde de inadimplência no País em oito anos. No último mês, o volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 9,68% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A conclusão é de um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) divulgado nesta quarta, 21. Os dados abrangem informações de capitais e interior de todos os 26 Estados da federação, além do Distrito Federal.

Apesar do aumento expressivo, a CNDL e o SPC Brasil destacam que a variação anual observada em novembro deste ano ficou abaixo da observada no mês anterior. Na passagem de outubro para novembro, o número de devedores cresceu 1,12%.

“O aumento no número de inadimplentes já era previsto diante da taxa de juros que continua alta no País. Por isso, o consumidor deve priorizar a negociação das dívidas nesse final de ano. O 13º é uma boa oportunidade para o consumidor entrar no próximo ano com as contas em dia”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.

Tempo de inadimplência

O crescimento do indicador anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 91 dias a 1 ano (25,73%).

O número de devedores com participação mais expressiva no Brasil em novembro está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,88%), são 16,21 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa. Esse montante equivale a 47,44% do total desta deste grupo etário.

A inadimplência segue bem distribuída entre os sexos: 50,90% de mulheres e 49,10% de homens.

“Os dados de reincidência mostram que, nos últimos 12 meses, houve um crescimento de 33,29% no número de devedores reincidentes, que são aqueles que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes. Ou seja, mais gente está devendo e com dificuldade em manter o nome limpo. Por isso, o consumidor deve ficar atento, evitar as compras por impulso e priorizar o pagamento das contas atrasadas”, alerta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

Dívida média

Em novembro de 2022, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.775,32 na soma de todas as dívidas. Considerando todas essas dívidas, cada inadimplente devia, em média, para duas empresas credoras.

Quase quatro em cada dez consumidores (33,81%) tinham dívidas de valor de até R$ 500, percentual que chega a 48,36% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000.

Em relação ao aumento do endividamento no Brasil, o indicador mostra que em novembro de 2022 houve crescimento de 19,65% em relação ao mesmo período de 2021. O dado observado em novembro deste ano ficou acima da variação anual observada no mês anterior. Na passagem de outubro para novembro, o número de dívidas apresentou alta de 2,06%.

Tipos de dívidas

Entre as dívidas que mais geram inadimplência, destaca-se a evolução daquelas com o setor de bancos, que registrou crescimento de 31,75%, seguido de água e luz (16,96%). Em outra direção, as dívidas com o setor credor de comunicação (‐10,45%) e comércio (‐0,83%) apresentaram queda no total de dívidas em atraso.

Em termos de participação, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de bancos, com 61,87% do total. Na sequência, aparece comércio (12,45%), o setor de água e luz com 10,94% e comunicação com 7,87% do total de dívidas.

“O ritmo da alta de juros está menor pelo mundo, mas será preciso uma política fiscal responsável do governo para que o Brasil caminhe no mesmo sentido. A inflação ao consumidor continua alta no país. Para aqueles consumidores que pensam em tomar crédito, o momento é delicado especialmente nos bancos, que têm em alguns de seus produtos as taxas mais altas do mercado”, alerta Merula Borges, especialista em finanças da CNDL.

Imagem: Shutterstock

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