Os gastos com alimentação fora do lar cresceram de 20% no terceiro trimestre de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a R$ 55,7 bilhões. Os dados são do estudo Crest, realizado pela Mosaiclab em parceria com o Instituto Foodservice Brasil (IFB).
O ticket médio, que é o valor gasto com cada refeição, teve um salto de 15%, atingindo os R$ 16,79 no período. O tráfego nos estabelecimentos cresceu 4%, totalizando 3,3 bilhões de visitas.
A pesquisa também fez a projeção para o foodservice no Brasil e nos principais mercados internacionais. Neste sentido, o estudo acende um alerta para a situação econômica global, que, aliada à alta da inflação, pode desacelerar o mercado.
A inflação em alta, o crescimento chinês em ritmo mais lento e o mercado de trabalho aquecido nos Estados Unidos pressionam as empresas mundo afora e chamam a atenção para os riscos de uma recessão mundial.
Com uma das maiores inflações do mundo, o Brasil enfrenta desafios principalmente relacionados ao tráfego, que ainda é 15% menor do que em 2019. Por outro lado, é um dos países que mais cresceram no serviço de delivery em 2022 e vem se ajustando na liderança do segmento.
“Os mercados cresceram de forma geral este ano. Nenhum país, porém, atingiu os patamares de tráfego do pré-pandemia, e o gasto aumenta, refletindo os efeitos da inflação. A confiança tem caído e o cenário econômico pode se tornar desafiador. Além disso, ocasiões, segmentos e canais se recuperam de maneira desigual, criando desafios adicionais para a evolução dos operadores”, explica Lucas Roberto, head de Marketing do IFB.
Foodservice pelo mundo
Em recente artigo publicado na Mercado&Consumo, Eduardo Bueno, head de Pesquisa e Inteligência na Mosaiclab e responsável pela pesquisa Crest no Brasil, também destacou que, enquanto o Brasil assiste a uma recuperação consistente do foodservice, existem riscos reais de uma recessão global em 2023, com a inflação sendo a peça central no mundo desenvolvido.
“Nos Estados Unidos, Europa, Coréia do Sul, Japão e Austrália, a inflação segue em níveis elevados, demandando medidas de caráter recessivo para controlar a alta dos preços, criando um cenário desafiador para o foodservice, que depende diretamente de renda disponível e do consumo para crescer. China, por sua vez, tem sido prejudicada por conta da sua política de tolerância zero contra a covid-19, impactando a produção industrial e o consumo, ao que se soma a crise no setor imobiliário chinês. A desaceleração da segunda maior economia do mundo impactará não apenas os mercados emergentes, como também a demanda global, reforçando o cenário recessivo que se avizinha”, destacou Bueno.
O head de Pesquisa e Inteligência na Mosaiclab complementou: “Se para o foodservice global já havia o desafio de recuperar os níveis de tráfego pré-pandemia, ele será potencializado por consumidores que estão com o orçamento doméstico cada vez mais apertado por conta do aumento generalizado dos preços, não apenas no foodservice, mas também no consumo básico e essencial do dia a dia.”
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