A transformação do varejo em tempos de resiliência, Inteligência Artificial e automação

Em sua edição 2024, a NRF 2024 discutiu o futuro do varejo. A conclusão foi clara: o setor se tornou mais resiliente do que nunca

Fim do maior evento de varejo do mundo e uma sensação indescritível. O NRF Big Show 2024, mais uma vez, cumpriu o que propõe: a busca de compreender, experimentar e absorver as últimas inovações e práticas no universo do varejo mundial.

Nesta edição, alguns números relevantes para serem compartilhados, mas fico com dois destaques: pela primeira vez, a feira contou com mais de 40 mil participantes, e desse montante, quase 2.500 eram brasileiros. Isso é uma mostra de como o varejo brasileiro vem buscando se reinventar e trazer, o quanto antes, as principais tendências para o mercado. Se antes havia gaps de anos, hoje é possível ver um mercado, aqui no Brasil, muito mais maduro e preparado para implementar tendências em um curto prazo.

Na análise do que o evento entregou, um dos pontos cruciais foi o futuro do varejo, questionando se ele está destinado a desaparecer ou prosperar. A conclusão foi clara: o varejo se tornou mais resiliente do que nunca. Surpreendentemente, nos últimos anos, o setor manteve sua estabilidade em termos de crescimento, abrindo mais lojas do que fechando. Esse cenário, inclusive, parecia improvável nos anos de pandemia, quando muitas lojas começaram a desaparecer, principalmente quando nos referimos às lojas físicas.

A penetração do e-commerce, representando um quarto das vendas do montante do varejo, indica que ainda há muito terreno a ser explorado. Esse cenário reforça a necessidade de uma visão omnicanal, em que as jornadas físicas e virtuais se entrelaçam, tornando desafiador discernir a origem do cliente e oferecer experiências mais integradas, afinal, a jornada é sempre ativa e existe uma clara necessidade na busca pelo consumidor.

Essa dinâmica da jornada está exigindo que os varejistas se lancem na busca pelos consumidores, mas com assertividade. Ao contrário do passado, quando a jornada era passiva, agora o jogo demanda uma abordagem proativa para alcançar os clientes em potencial.

Inteligência Artificial: o copiloto do varejo

Outro ponto de destaque na NRF 2024 foi a centralidade da Inteligência Artificial (IA). A percepção crucial é que a IA deve ser encarada como um copiloto, não como o piloto principal. Embora sejam inegáveis suas rapidez e eficiência, ela necessita de orientação humana para proporcionar resultados desejados e até garantir que o uso seja direcionado para alavancar e otimizar operações.

Diversas aplicações práticas de IA foram destacadas, desde precificação, crédito, cobrança, expansão de lojas até atendimento ao cliente, CRM, promoção e mídia, entre outros. Entre os dados apresentado, um chamou bastante atenção: 72% dos CEOs nos Estados Unidos consideram prioritário o uso da IA em seus negócios.

A ascensão da IA, entretanto, traz desafios, como a questão de empregos. Existe uma previsão de 69 milhões de postos, globalmente falando, passem por mudanças ou sejam extintos por conta da IA. As empresas precisam começar a se preparar para estas mudanças. Falando especificamente do Brasil, algumas empresas brasileiras já investiram mais de R$ 1 bilhão em 2023 nessa tecnologia, um aumento de 33% em relação a 2022.

Todas essas mudanças estão ligadas à automação do varejo, que busca por transformações de funções, e não eliminação de empregos. A automação iminente no varejo não é uma ameaça ao emprego, mas sim uma mudança nas funções, como dito anteriormente. Áreas como picking, armazenagem, reposição, controle de gôndola, segurança e limpeza verão a ascensão de robôs assumindo essas tarefas.

Essas reflexões sobre a NRF 2024 apontam para um cenário de resiliência no varejo, destacando a importância da Inteligência Artificial, os desafios e oportunidades a ela associados e a inevitável automação do setor.

Diante dessas mudanças, a preparação e a capacidade de se adaptar emergem como elementos cruciais para prosperar nesta nova era do varejo. A NRF 2024 ofereceu uma visão do futuro, nem tão distante assim, e apresentou um guia para navegar por essas transformações em curso. 2024 já está aí e nós precisamos olhar com atenção para o que o futuro nos reserva. E rápido.

Andre Viana é diretor comercial da Wake
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Shutterstock

 

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