Com a temperatura mais baixa após o tom conciliatório do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a redução das críticas ao BC do governo Lula, a expectativa para os juros básicos se manteve estável para o fim de 2023, 2024 e 2025. No Boletim Focus, a mediana para a taxa Selic no fim de 2023 continuou em 12,75% ao ano, enquanto para o término de 2024 se manteve em 10,00%. Há quatro semanas, as estimativas eram de 12,50% e 9,50%, nessa ordem.
Considerando apenas as 61 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 teve alta de 12,75% para 13,00%. Para o fim de 2024, subiu de 10,00% para 10,50%, com 60 atualizações na última semana.
No primeiro Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do governo Lula, o colegiado afirmou que a incerteza fiscal e a desancoragem de expectativas inflacionárias em prazos mais longos aumentam o custo da desinflação.
O BC manteve pela quarta reunião consecutiva a taxa Selic em 13,75% ao ano e avisou que os juros básicos devem continuar nesse patamar para além de setembro, mês no qual o mercado financeiro esperava o primeiro corte antes do Copom.
Na semana passada, após ataques diretos e incessantes do governo federal, o presidente do BC considerou justos os questionamentos do governo sobre o nível de juros e avaliou que o órgão pode ser mais didático para explicar o motivo pelo qual a Selic está neste nível elevado. Ele ainda indicou que quer trabalhar junto com o governo e sinalizou que o avanço da agenda de reformas é o caminho para uma queda de juros mais célere, e não a mudança da meta de inflação.
Na Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 9,00%, contra 8,50% de quatro semanas antes. O boletim ainda trouxe a projeção para a Selic no fim de 2026, que subiu de 8,50% para 8,75%, de 8,25% há um mês.
Inflação avança
Já a projeção para o IPCA – índice oficial de inflação – deste ano subiu de 5,79% para 5,89%, contra 5,48% há um mês. Para 2024, horizonte cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção também avançou, de 4,00% para 4,02%, de 3,84% há quatro semanas.
Considerando somente as 84 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2023 passou de 5,77% para 5,97%. Para 2024, variou de 4,00% para 4,10%, considerando 80 atualizações no período.
Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e, com maior peso, de 2024. A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana está acima do centro da meta (3,00%), mas ainda dentro do intervalo que vai de 1,50% a 4,50%.
Na Focus, ainda houve o salto da mediana para o IPCA de 2025, de 3,60% para 3,78%, de 3,50% há um mês. Da mesma forma, a estimativa para o IPCA de 2026 pulou de 3,50% para 3,70%, contra 3,47% um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.
Com informações de Estadão Conteúdo
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