Passamos os últimos 3 anos no limbo dos varejistas globais, mas, recentemente, temos visto notícias promissoras e tudo indica que receberemos, nos próximos anos, uma nova leva de marcas internacionais ingressando no Brasil.
Esta semana, a BK Brasil, que já opera o Burger King por aqui, anunciou a entrada da “Popeyes Louisiana Kitchen”, rede americana de frango frito, concorrente direto do KFC, que possui mais de 2.600 restaurantes em 40 estados americanos e também está presente em mais de 26 países. A previsão é de que mais de 300 restaurantes da Popeyes sejam abertos no país nos próximos 10 anos.
A rede francesa Kiabi, pertencente à família Mulliez – que também é dona das redes Leroy Merlin, de materiais para construção e Decathlon, de artigos esportivos – vai iniciar sua operação no Brasil em agosto. É a segunda maior rede de vestuário da França e líder no segmento de jeans de baixo custo. A primeira loja, de 1,5 mil metros quadrados, será aberta no Shopping Ibirapuera, em São Paulo. Em cinco anos, o objetivo é chegar a 40 unidades, com atuação em vários Estados. O mesmo grupo trouxe no final do ano passado mais duas marcas da França: a Zodio, rede de lojas de decoração e itens para casa, e a Obramax, rede de atacado da construção.
A rede chinesa Miniso é uma marca de design japonês que oferece produtos de qualidade a preços acessíveis. Ela possui 2.000 lojas no mundo. Oferece desde peças de design e utilidades de cozinha até itens de papelaria e fofas bugigangas. Planeja abrir 100 lojas por aqui entre unidades próprias e franquias nos próximos 2 anos.
Importante dizer que existe também um movimento inverso em curso. As gigantes Walmart, Forever 21 e C&A buscam sócios investidores para se manterem no Brasil. A Starbucks, recentemente, conseguiu vender sua operação para um máster franqueado, assim como a FNAC. Mas é inegável que o nosso mercado interno doméstico ainda é o grande atrativo para as redes de fora. As oportunidades são inúmeras. Para conhecimento, o varejo internacional responde pela participação de 23,8% do nosso varejo, valor baixo em comparação aos 40,6% da Europa, por exemplo.
Vale sempre lembrar que o Brasil não é exatamente o paraíso para os varejistas internacionais. Os problemas são velhos conhecidos: alta carga tributária, deficiências com logística interna e externa e encargos trabalhistas são algumas das principais queixas, o famoso “custo Brasil”. São problemas estruturais e históricos que impedem um crescimento maior da economia como um todo. E, lembrando, nosso cenário ainda é considerado instável, com eleições presidenciais totalmente indefinidas, gerando uma grande dose de cautela para investimentos em geral.
De fato, a quantidade de visitas de executivos de varejo internacional ao Brasil tem se intensificado nos últimos 6 meses, sinal de que o crescimento recente do consumo tem chamado a atenção lá fora. Nos próximos 2 anos, com a melhora dos indicadores econômicos, algumas dezenas desembarcarão por aqui, muitas vezes ainda estão pesquisando e especulando, outras buscando máster franqueados e investidores, mas, com a movimentação vista, o Brasil voltou a ser uma opção para a expansão de varejistas e franqueadores de fora.
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