A Associação Brasileira de Franchising (ABF) pede uma revisão dos contratos de locação das lojas situadas em shopping centers de todo o País. Em nota divulgada nesta segunda-feira (22), a ABF critica a decisão das administradoras de manter o reajuste dos aluguéis indexados ao IGP-M/IGP-DI.
“A decisão (…) não condiz com a realidade econômica e desconsidera fatos como shoppings fechados ou abertos com horário e fluxo de pessoas restritos, com vendas que, ainda hoje, não atingiram em média 65% do seu valor original e limitações que temos observado em razão do arrefecimento da pandemia”, diz a nota.
A associação destaca que a relação das franquias com a indústria de shoppings sempre foi de “simbiose, pautada no crescimento mútuo. Ganha o shopping com marcas fortes, ganham as franquias com o público qualificado e ganha o consumidor que tem nesse ambiente o entretenimento, a segurança, as marcas, os restaurantes e serviços que tanto gosta”.
Mas argumenta que o IGP-M/IGP-DI não reflete a variação inflacionária no período, uma vez que leva em consideração outros elementos, como a variação do dólar e o preço das commodities, entre outros, fatores que não têm relação direta com os custos do próprio shopping.
“Também não faz qualquer sentido a manutenção da cobrança do 13º aluguel – outra decisão que nos causou perplexidade – justamente pelos motivos citados acima e sem que as vendas tenham recuperado ou mesmo se aproximado dos patamares pré-pandemia”, diz a nota.
Manutenção das operações
Segundo a ABF, a somatória destes fatores com o recrudescimento das medidas para evitar o contágio na segunda onda da pandemia de Covid-19 pode ser “catastrófica”. A entidade afirma que um custo de locação muito elevado pode inviabilizar a manutenção das operações.
A associação pede que as administradoras de shoppings reflitam e isentem os lojistas do pagamento das taxas de transferência para operações de franquia, para facilitar o repasse, para que as marcas não percam unidades e para que os shoppings não percam lojistas.
“Os shoppings são atores muito importantes para o varejo, para o franchising, contudo entendemos que é preciso que haja um reequilíbrio de forças entre lojistas e shopping centers. Sempre fomos parceiros e desejamos que assim permaneçamos, mas precisamos também ter uma relação mais harmoniosa e que reflita o atual ambiente de negócios brasileiro e comportamento de consumo”, afirmou o presidente da ABF, André Friedheim.
A ABF defende, ainda, que se trata de uma situação excepcional, que exige condições especiais para a manutenção das lojas e empregos. “A pandemia do novo coronavírus impactou negativamente todos os atores do varejo. Porém, é fato que o e-commerce e as lojas de rua cresceram de importância no novo comportamento do consumidor, de forma que sim, queremos manter nossas operações nos shoppings, mas para isso precisamos encontrar um novo ponto de equilíbrio entre as partes”, completa a nota.
Imagem: Envato