Apresentando queda desde o fim de 2022, o tráfego das plataformas de e-commerce caiu quase 15% no mês passado – pior resultado do ano e uma das retrações mais fortes dos últimos meses. Foi o quarto mês seguido de baixa, como mostra a última edição do Relatório Setores do E-commerce, da Conversion. Contrariando até mesmo as previsões do mercado, entre novembro e fevereiro, o número de visitantes únicos caiu 19,6%, passando de 2.6 bilhões naquele mês para 2.13 bilhões agora.
O desempenho negativo foi puxado pelos acessos via dispositivos web, que caíram 17,3% entre janeiro e fevereiro, e também pelo carnaval — uma data tipicamente fraca para o varejo digital. A queda foi tão forte que, de maneira inédita, nenhum setor cresceu nesse intervalo de tempo. Ao contrário, os resultados comemorados foram entre aqueles que caíram menos, casos de Comidas e Bebidas (-3,6%), Pet (-7%) e Importados (-7,3%).
Entre as diminuições mais expressivas estão as dos setores de Turismo (-26,5%), Cosméticos (-22,1%) e Esportes (-17,8%). O setor de marketplaces, o mais robusto do relatório, espelhou o resultado geral e também caiu 15% em fevereiro, voltando à casa dos milhões (908) após quatro meses registrando desempenhos acima de 1 bilhão de visitantes.
O mesmo fenômeno impactou os acessos das principais plataformas do e-commerce brasileiro. O Mercado Livre perdeu 10% do seu tráfego ao longo do mês. A Amazon Brasil, segunda mais visitada, dissecou ainda mais: -14%. A Shopee caiu 11% e a Magalu, 15%.
O resultado mais impactante, porém, foi para a Americanas, que saiu do top 5 das plataformas mais acessadas deixando a quinta posição para a AliExpress, com 72 milhões de visitas. A empresa brasileira fechou o mês de fevereiro com 69 milhões de acessos.
Diego Ivo, CEO da Conversion, acredita que os dados são reflexos do momento econômico do país, ainda marcado por famílias endividadas, juros altos e, por consequência, desaceleração do consumo. Para ele, porém, são os números de agora que estão captando melhor os impactos das compras de Natal – que muitas pessoas seguem pagando nos primeiros meses do ano seguinte.
“Não era uma queda esperada, mas ela demonstra como as pessoas estão se comportando em relação ao consumo de bens não essenciais. Isso se vê nas retrações mais drásticas em produtos de beleza ou em viagens de férias, por exemplo”, explica.
Para o CEO da Conversion, porém, as previsões envolvendo métricas como tráfego e vendas seguem atreladas à estrutura sazonal do comércio brasileiro. Sendo assim, a Páscoa e o Dia das Mães prometem fazer o e-commerce voltar a crescer. “Não há dúvidas que esses desempenhos negativos dos últimos meses jogam todas as expectativas para as próximas grandes datas comemorativas”, observa Ivo.
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