Cenário econômico desafiador e racionalização das compras

Por Eduardo Yamashita*

Os principais pilares que sustentam o varejo como a confiança, emprego, renda e crédito continuam apresentando deterioração. Porém com sinais evidentes de agravamento, sinais corroborados pelo último dado de desempenho do varejo divulgado pelo IBGE na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC).


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A PMC referente ao mês de abril, divulgada em 16/06/2015, apontou queda nas vendas reais no acumulado de janeiro a abril de 2015 de -1,5%. Se considerarmos o varejo ampliado, que contempla material de construção e automóveis, a queda passa a ser de -6,1%.

Confiança dos consumidores

Dentre todos os fatores, o principal indicador que tem impactado o comércio brasileiro é a confiança dos consumidores, que continua no menor patamar desde o início de sua medição em setembro de 2005 pela FGV, sendo que a única mudança sensível nos últimos três meses foi o leve aumento da confiança futura dos brasileiros.

Correlacionando o indicador de confiança com diversos indicadores macro-econômicos, nota-se que os principais fatores que o influenciam são o emprego e o aumento real da renda das famílias.

Quanto ao desemprego, houve um aumento substancial da taxa de desocupação medida pela PME do IBGE, que apontou desocupação de 6,4%, 1,5 p.p. acima do índice de abril de 2014. Além disso o índice de medo do desemprego divulgado pela CNI apontou um crescimento abrupto no curto período entre janeiro e março de 2015, chegando ao mesmo patamar que estava no final de 2002.

Já a renda dos brasileiros tem sido fortemente impactada pela alta inflação que apontou em abril de 2014 alta de 8,17% em 12 meses, outro fator agravante é a alta inflação em itens básicos como energia e alimentação dentro do lar, que apontou alta de 6,64%. Com essa conjuntura, o rendimento médio real habitual monitorado pelo IBGE apresentou queda de -2,9% sobre o registrado em abril de 2014.

Racionalização das compras

Nesse cenário, alguns segmentos ficam mais suscetíveis a cortes, principalmente aqueles tidos como lazer e também aqueles com ticket médio mais alto e consequentemente maior comprometimento de renda, como é o caso do segmento de automóveis, eletroeletrônicos e alimentação fora do lar.

Por outro lado, segmentos vistos como essenciais, menos dependentes de crédito e que se beneficiam de mudanças demográficas (envelhecimento da população) como as Farmácias e higiene e beleza se mostram mais resilientes à crise e apresentam menor desaceleração ou até mesmo crescimento.

Ficam cada vez mais evidentes as mudanças no comportamento dos consumidores, dado o novo cenário econômico, que passa a racionalizar ainda mais suas compras, pesquisam mais e que tendem a postergar parte das compras. Em tempos como esse, entender o processo de racionalização, repensar a oferta e proposta de valor se tornam vitais para reduzir o impacto do ambiente adverso.

*Eduardo Yamashita (eduardo.yamashita@gsmd.com.br) é diretor de Inteligência de Mercado da GS&MD – Gouvêa de Souza.

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