Nova alta da Selic dificulta retomada, dizem associações empresariais

Entidades alertam que o aumento do custo do crédito vai pesar mais para o consumidor e empresas

inflação juros Nova alta da Selic dificulta retomada, dizem associações empresariais

A elevação da taxa básica de juros, a Selic, de 5,25% para 6,25% ao ano, por conta do crescimento da inflação impulsionada pelo aumento nos preços de alimentos, combustíveis e energia, vai pesar mais no bolso do consumidor e das empresas num momento de frágil recuperação dos impactos econômicos da pandemia.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) sob controle, que fechou o mês de agosto no maior nível para o mês desde 2000. Com o acumulado de 9,68% em 12 meses, o valor está acima do teto da meta de inflação, de 3,75%.

“Esta nova alta, juntamente com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), penaliza as pessoas e as empresas num momento de frágil recuperação dos impactos econômicos da pandemia”, diz Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp.

Em comunicado, as entidades alertam que a alta da Selic, além de aumentar o custo do crédito, vai tirar competitividade das empresas. O percentual da renda das famílias comprometido com dívidas é recorde. Saltou de 49,4% em junho de 2020 para 59,2% em maio de 2021 (último dado disponível).

“O aperto monetário agrava esse quadro de endividamento, reduzindo o consumo das famílias e prejudicando a atividade econômica. Para as empresas, além de aumentar o custo do crédito, vai tirar competitividade e dificultar a retomada do investimento”, diz Skaf.

Impacto maior

A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) destacam que o impacto acaba sendo ainda mais perceptível no varejo por conta da recente elevação do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro (IOF).

“As taxas para crédito serão mais altas e isso acaba contribuindo para a diminuição do consumo”, disse Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “Como estamos vindo de recuperação de perdas causadas pela pandemia, essa diminuição de prejuízo vai ocorrer um pouco mais lenta do que poderia nestes próximos meses”, dizem as entidades por meio de nota.

As entidades pediram uma audiência com o ministro da Economia Paulo Guedes para propor que este aumento incida somente em transações acima de R$ 100 mil, o que preservaria, pelo menos, as micro e pequenas empresas do País.
Imagem: Bigstock
Sair da versão mobile