É inegável que o e-commerce brasileiro continua crescendo, mesmo após uma desacelerada no ano passado. De acordo com pesquisa realizada pela NielsenIQEbit, o faturamento chegou a R$ 262,7 bilhões em 2022, alta de 1,6% em relação ao ano anterior. Apesar do crescimento bem abaixo da inflação (que foi de 5,79% ), depois de anos de altas de duplo dígito durante a pandemia, o valor representa um recorde para o setor.
O estudo da Nielsen|Ebit mostra outro dado muito interessante sobre o mercado brasileiro: a cesta de alimentos e bebidas saiu da sexta posição no ranking para o terceiro lugar em número de pedidos. O segmento foi o que mais contribuiu para a alta geral de pedidos no e-commerce. De acordo com a pesquisa, o grupo teve a maior variação, com crescimento de 82,8% em 2022, na comparação com o ano anterior. O crescimento acelerado da categoria só reforça sua importância para o varejo digital e nos vislumbra um cenário de grande potencial de crescimento.
A pesquisa traz outro dado positivo para o setor: a maior parte dos consumidores digitais brasileiros tem mais de 35 anos, segundo o levantamento. A representatividade dessa faixa cresceu ao longo do ano de 2022 e soma mais de 68% do público total. Esse perfil compra, principalmente, alimentos e bebidas, itens de casa e decoração, construção e ferramentas, eletrodomésticos e gastos com saúde.
Por onde quer que olhemos, os números são animadores. No último trimestre, o setor de foodservice, alimentação fora do lar, movimentou R$ 56,5 bilhões no Brasil, segundo o estudo Crest, realizado em parceria com o Instituto Foodservice Brasil (IFB) e Mosaiclab.
Os valores representam um aumento de 10%, em relação ao mesmo período de 2021, e de 1%, em relação a 2019. Em 2022, 16% dos pedidos foram feitos por delivery, enquanto esse número era de 9% até 2019. Os pedidos feitos exclusivamente via aplicativos cresceram mais de 1.000%, em relação a 2016, e já são o dobro do pré-pandemia, mostrando que o delivery e os canais digitais consolidam seu espaço, facilitando a vida dos consumidores.
Outra característica desse setor é a omnicanalidade – este foi historicamente um dos primeiros mercados a investir em canais alternativos de venda fora do ambiente físico. O consumidor que tem uma experiência positiva no restaurante tende a pedir no delivery da marca e vice-versa.
Nos últimos anos, além do tradicional telefone, os pedidos podem ser feitos por mensagens instantâneas, sites do restaurante e em aplicativos de entregas. Investir cada vez mais em tecnologias e canais é fundamental para que o setor de alimentos e bebidas tenha espaço para ganhar escala e aumentar as vendas – sem esquecer de um possível aporte em logística, para possibilitar que seus produtos cheguem a outras regiões do País.
É importante que o setor tenha ciência de que ainda há lugar para atrair novos consumidores e que o comércio eletrônico tem uma grande capacidade para novas dinâmicas de consumo. Claro que há novos desafios, mas vemos uma habilidade de adaptação e reinvenção do segmento.
Giuliana Cestaro, diretora de Produtos e-commerce da Fiserv Brasil.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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