“Ingerimos doses potentes de anabolizante digital nos últimos três meses”, afirma CEO da Livraria Cultura

Sergio Herz 1

O mercado de livrarias é um ramo do varejo que precisa se reinventar. Foi com essa afirmação que Sérgio Herz, CEO da Livraria Livraria Cultura iniciou sua participação no Mercado & Consumo em Alerta desta quarta-feira (24). Ao lado de Ada Mota, sócia-fundadora da Adcos; e Maria Cristina Potomati Fiuza, presidente do Grupo Dovac (Lukscolor Tintas, Luksnova), o executivo defendeu o processo de transformação digital nas empresas, mas ressaltou que consumidor não vai deixar de ir até uma loja física.

Segundo ele, o ano de 2020 ficará marcado como o ano da aceleração exponencial empresarial como se as empresas estivessem ingerido doses potentes de anabolizante digital, mas ao mesmo tempo será um ano marcado por uma freada brusca de hábitos de vida que fez com que as pessoas pensassem mais sobre si próprias e suas vidas. “Este novo momento que estamos vivendo acelerou o processo de transformação em diversas frentes. E esse movimento selou uma tendência de participação brutal do comércio digital em cima do físico”, explicou.

Sérgio fez ainda uma comparação entre os Estados Unidos e o Brasil ao falar sobre vendas físicas e digitais e lembrou que a Cultura, assim como a Amazon, começou a vender no online em 1994. “Hoje o mercado americano de livros conta com 54% das vendas de livros físicos no online. No Brasil, estamos na ordem dos 46%. As lojas físicas não vão deixar de ser frequentadas, mas precisamos entender como esse consumidor quer gastar, pois o entendimento deste comportamento no pós-pandemia ainda é um ponto de interrogação,” disse.

Ainda sobre o movimento digital, Sérgio Herz afirmou que este comportamento faz parte de uma conveniência que vicia o ser humano, uma vez que, segundo ele, “tudo que é fácil é viciante”. E essa colocação o levou a comentar sobre o futuro dos shopping centers. Para ele o novo normal ainda é muito desconhecido até nos sentirmos bem no mundo físico e os shoppings se tornarão ainda mais centros de lazer e não de compras. “Neste momento, o shopping center está sem graça com essa nova maneira que estamos retomando”, comentou.

O executivo também trouxe para a conversa o home office adotado no escritório corporativo e uma dúvida sobre os colaboradores que atuam nas lojas. Para ele, será preciso pensar mais nas equipes de lojas, como irão equacionar a relação dura de trabalho em lojas com o trabalho em home office de equipes administrativas com maior qualidade de vida, depois que aprendermos a trabalhar com maior equilíbrio neste contexto.

Vale lembrar que o mercado de livros começou a dar sinais de melhoria com a reabertura das livrarias, registando uma gradual subida do número de vendas, embora ainda com perdas na ordem dos 40%, relativamente a 2019, segundo dados da consultora GfK.

Segundo o painel de vendas Gfk, entre 4 e 10 de Maio, venderam-se 104.340 livros, menos 75.741 do que na mesma semana do ano passado, em que foram vendidos 180.081 livros, o que se traduz numa quebra de 42,1%.

Este webinar contou com a mediação de Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral do Grupo GS& Gouvêa de Souza, além de patrocínio da ACI Universal Payments, empresa com solução única e universal que oferece pagamentos em tempo real corporativos e de varejo.

* Imagem reprodução

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